A ocupação de leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre por coronavírus voltou a cair nesta segunda-feira (17). Até as 15h desta segunda-feira (17), eram 333 pacientes. No domingo (16), eram 340. É o menor número em seis dias. O recorde foi atingido em 13 de agosto, 342.
Em uma comparação semanal, é a primeira queda em 11 semanas. Ficou 0,59% menor do que no dia 10, quando 335 doentes recebiam tratamento intensivo. A última queda semanal havia sido registrada na semana entre 18 e 25 de maio, quando caiu de 45 para 42.
A taxa geral de ocupação das UTIs, levando em conta outros motivos além do coronavírus, segue elevada, em 89,15%. São 723 pacientes para 826 leitos. Os hospitais da Restinga, Moinhos de Vento e Cristo Redentor estão com 100% dos leitos ocupados. Clínicas e Conceição, duas referências para tratamento de doentes com coronavírus, estão com taxas acima de 90%.
O professor de Infectologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Alexandre Zavascki, é cauteloso quanto à pequena redução.
- Difícil valorizar como significativa. A minha leitura é que seguimos com aumento de ocupação, mas num ritmo menor – destaca.
Para o infectologista, é preciso aguardar pelo menos mais uma semana para avaliar melhor o comportamento da pandemia.
- Temos que esperar os impactos dessa última mudança feita pela prefeitura (Porto Alegre está entrando na segunda semana de flexibilização de atividades), para saber se vai ter aumento de casos. E pelo menos mais duas ou três (semanas) para ocupação dos leitos de UTI. Como a abertura foi intensa, deve aumentar a taxa de transmissão, depois de hospitalização e, por último, de UTIs – projeta.
Zavascki avalia que um segundo fenômeno pode surgir com a flexibilização de atividades.
- As pessoas vão se descuidando das medidas preventivas, como uso de máscara, distanciamento social. São coisas que ainda podem acontecer. Como temos margem muito pequena (de leitos de UTI disponíveis), uma pequena alteração gera grande impacto. A situação ainda é muito crítica.
O epidemiologista Jair Ferreira tem uma visão semelhante.
- Uma queda tão pequena pode estar relacionada a uma flutuação diária fortuita. De todo modo, tem-se a impressão que o número de internados em UTIs está se estabilizando num patamar alto em Porto Alegre. Acho que precisaremos observar até o fim do mês para ver se essa tendência se confirma. A situação é parecida no Estado como um todo – avalia Ferreira.
Segundo o secretário da Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, esse cenário reflete o que se tem verificado nos “casos confirmados, na análise na procura nos nossos postos de saúde, nas nossas tendas por causa de síndrome gripal”.
- E pela desaceleração que a gente vem identificando nas UTIs algumas semanas após as medidas mais restritivas. A gente passou por um pico de aceleração de casos que nos fez adotar essas medidas restritivas de atividades. E agora nos permitiu, com o cenário de estabilidade, iniciar as flexibilizações e o retorno gradual das atividades.
Para Stürmer, os números mostram que é possível seguir com as flexibilizações, mas pondera:
- Mas é claro que se tivermos sinais de avanço da pandemia e um novo aumento de ocupação das UTIs, talvez a gente precise frear esse avanço e até retroceder.