As internações por coronavírus seguem crescendo nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre e, na tarde desta quinta-feira (13), bateram um novo recorde ao somar 342 pessoas em atendimento.
O número mais alto antes disso havia sido registrado na véspera, quando 339 pacientes se encontravam em condição crítica. A média dos últimos sete dias confirma uma tendência de leve aceleração: subiu 4,7% em relação ao período anterior.
Esse cenário desperta preocupação entre especialistas em infectologia e epidemiologia por dois motivos principais. Um deles é o fato de a rede de atendimento já estar perto do limite, com cerca de 90% de ocupação geral, apesar de um acréscimo de 275 leitos em relação à infraestrutura hospitalar anterior à pandemia.
Outro ponto que deixa médicos em alerta é a recente redução de parte das restrições à circulação na Capital. Se a população não redobrar cuidados com higiene, distanciamento social e uso correto de máscaras, pode haver uma escalada de contaminações e, em um período de até duas semanas, esgotar a pequena margem de espaços livres em UTIs.
— A situação é preocupante porque, mesmo que as internações não estejam crescendo rapidamente, seguem subindo há bastante tempo e em um patamar elevado. Se houver uma elevação súbita nas hospitalizações, o sistema pode entrar em colapso — avalia o epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Petry.
A tendência dos últimos sete dias foi de leve aceleração. O crescimento médio nesse período foi de 4,7% em relação à semana anterior. Essa cifra supera o índice de 4,1% verificado no começo de agosto em comparação com o final de julho. A variação é pequena, mas indica que não há sinal de estabilização.
Até as 16h desta quinta-feira, quatro hospitais estavam com seus leitos para tratamento intensivo esgotados: Moinhos de Vento, Vila Nova, Independência e Restinga. Paulo Petry observa ainda que, por trás dos números, a persistência da ocupação elevada em UTIs por pacientes de alta demanda como os doentes com covid-19 provoca impacto negativo nas equipes de saúde:
— As equipes estão ficando muito cansadas porque o nível de sobrecarga vem se mantendo há bastante tempo. O custo físico e emocional é muito alto.
Conforme a mais recente projeção da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no ritmo atual, o teto máximo de 383 leitos destinados à covid poderia ser atingido no dia 8 de setembro — o que representaria um risco significativo de colapso do sistema. A data pode variar conforme o nível das hospitalizações até lá.