A lotação de unidades de tratamento intensivo (UTIs) de Porto Alegre por casos graves de coronavírus diminuiu levemente nesta segunda-feira (3), após um salto no fim de semana. Ainda assim, a cidade não consegue fugir de uma ocupação geral à beira dos 90%, uma marca superada por 10 hospitais.
Quatro instituições lotaram: Cristo Redentor, Vila Nova, Restinga e Santa Ana. Outras seis estão acima de 90% da capacidade: Clínicas, Conceição, Moinhos de Vento, Mãe de Deus, Instituto de Cardiologia e Ernesto Dornelles. Desses, apenas o Cristo Redentor não tinha um paciente com coronavírus internado na UTI.
Apesar de historicamente Porto Alegre registrar hospitais com ocupação máxima no inverno, o cenário ocorre em 2020 apesar do aumento de 48% no número de vagas de UTI, passando de 559 antes da pandemia para 829 neste momento, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Proporcionalmente, a cidade já tinha uma das maiores concentrações de leitos entre as capitais brasileiras.
Até o meio da tarde, a cidade tinha 315 vagas ocupadas por pacientes graves de covid-19, quatro a menos do que no domingo (2), que bateu um recorde desde o início da pandemia. Apesar da pequena redução, Porto Alegre manteve o mesmo índice de ocupação: 89,3%.
A média móvel de internações em UTIs por coronavírus em Porto Alegre (soma dos internados em sete dias dividido por sete) segue crescendo, mas em ritmo menor, como mostra o infográfico a seguir.
A perda de velocidade no crescimento da ocupação das UTIs começa a ocorrer quando a cidade chega próximo ao limite da lotação, observa o médico epidemiologista e gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Ricardo Kuchenbecker. Na prática, com menos leitos à disposição, há menos margem para a ocupação crescer ao longo dos dias.
— Como estamos muito próximo do teto dos leitos, a variação também encontra um teto, que é a capacidade máxima. A ocupação, então, tende a variar mais para baixo do que para cima. Quando passa dos 90%, acontecem recusas temporárias para recebimento de pacientes — afirma Kuchenbecker.
Médicos vêm apontando que a tendência de ocupação de UTIs não deve ser usada como única medida para averiguar o andamento da epidemia. É preciso analisar, também, o ritmo de mortes.
A média móvel de óbitos vem aumentando nas últimas: entre a quarta-feira passada (29) e a anterior, uma média de 10,6 pessoas morreram por dia. Um mês atrás, em maio, eram 2,4 vítimas diárias.
As mortes crescem enquanto os indicadores de isolamento não avançam: mesmo no último domingo (2), o índice ficou em 53%, abaixo da meta de 55% da prefeitura.