Depois de cinco dias de relativa estabilidade nas internações por covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre, o número de pacientes graves voltou a crescer no final de semana.
A quantidade de pessoas internadas com o coronavírus saltou de 307 na sexta-feira (31) para 319 no sábado (1º) e alcançou um novo recorde negativo desde o começo da pandemia na Capital — superando os 316 doentes sob tratamento em 26 de julho. O mesmo número se mantinha até as 17h30min deste domingo (2) no painel digital da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas o Hospital Conceição ainda não havia atualizado suas informações diárias no site de monitoramento da prefeitura.
É possível que o número consolidado do domingo seja inferior ao indicado no painel geral das UTIs, já que, até o meio-dia, o Conceição registrava internamente 37 doentes com covid-19 em UTIs, cinco a menos do que os 42 informados na véspera e que permaneciam no placar oficial dos hospitais da cidade.
Mesmo assim, esses 314 pacientes ainda representariam um acréscimo em relação ao patamar verificado entre segunda e sexta, período em que as hospitalizações variaram entre 302 e 307. O secretário-adjunto da SMS, Natan Katz, já havia declarado que seria preciso aguardar pelo menos uma semana inteira antes de cogitar a possibilidade de uma estabilização da pandemia nos hospitais.
O doutor em Epidemiologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Petry lembra que os números dos dias anteriores não permitiam identificar uma tendência de queda e poderiam voltar a crescer a qualquer momento.
— Chegou a haver uma certa estabilidade, mas não declínio, e em um patamar muito alto de internações. Nessas condições, sempre pode voltar a oscilar para cima — analisa o epidemiologista.
Para o professor da UFRGS, a situação nas UTIs da Capital permanece instável porque os índices de isolamento social seguem abaixo do necessário para bloquear a circulação do vírus apesar de medidas mais restritivas adotadas ainda no começo de julho. No sábado, data mais recente com informações disponíveis, essa taxa ficou abaixo dos 55% apresentados pela SMS como o mínimo para reduzir a circulação do coronavírus: foi de 45,5%.
— A única certeza que temos é de que as aglomerações aumentam a circulação do vírus, o número de pessoas que se contaminam, que precisam de internação, que acabam na UTI e que, infelizmente, morrem — sustenta Petry.
A média diária de óbitos na Capital calculada para os últimos sete dias confirma que as mortes ainda estão em tendência de alta. A média móvel até o domingo era de 9,7 vítimas ao dia, 7,9% a mais do que o registrado no período anterior.