Anunciadas pela prefeitura de Porto Alegre nesta sexta-feira (3), medidas mais restritivas, para garantir o distanciamento social na cidade, serão aplicadas. O decreto com as mudanças está em produção, segundo a prefeitura, e deve ser publicado nos próximos dias.
As alterações foram anunciadas em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais do prefeito Nelson Marchezan, que afirmou que a Capital passa por um "momento de perigo" devido ao avanço do coronavírus.
— A maioria de nós já conhece alguém que foi contaminado. O que nós temos é de suspender, parar ou diminuir a velocidade de contaminação, sob pena de as estruturas hospitalares não terem capacidade de atender aqueles cidadãos que precisarem — disse.
Entre as medidas, estão o fechamento de parques da cidade por 15 dias, assim como a suspensão das atividades de estabelecimentos.
— A gente sabe que muitas pessoas estão em seu limite econômico, financeiro, de estresse, de desgaste pessoal. Mas, do que se conhece hoje, de todas as experiências mundiais em relação a vírus, especificamente ao coronavírus, para evitar o avanço da contaminação da população, a medida mais eficiente do ponto de vista de massa populacional, é a restrição de atividades, infelizmente — afirmou.
Confira ponto a ponto as principais mudanças:
Atividades suspensas por 15 dias:
- Revendas e concessionárias de veículos
- Comércio de eletroeletrônicos
- Salões de beleza
- Academias
- Igrejas, templos e cultos
Por 15 dias, estabelecimentos que vendem veículos e eletroeletrônicos serão fechados, assim como salões de beleza e academias. A prefeitura de Porto Alegre também deverá suspender as atividades em igrejas, templos e cultos religiosos, pelo mesmo período. O Mercado Público também terá suas atividades suspensas. Também será restrita a entrada em lojas de materiais de construção e ferragens, permitindo a entrada de um cliente por vez.
Marchezan também afirmou que pedirá aos supermercados restrições de controle de acesso, permitindo, por exemplo, apenas uma pessoa por família, com ressalvas em casos excepcionais, como de pais e mães com crianças menores. Os mercados ficarão responsáveis por realizar o controle de entrada e saída dos clientes, mantendo a lotação máxima a ser estipulada pelo decreto.
Parques e praças interditadas
Também por por 15 dias, a prefeitura irá fechar parques e praças na Capital, a partir deste sábado (4). O fechamento ocorrerá no trecho 1 da orla do Guaíba e em quatro locais que são cercados, os parques Germânia, Harmonia, Chico Mendes e Gabriel Knijnik , segundo Marchezan. De acordo com a prefeitura, a Guarda Municipal vai agir em casos de descumprimento e, se precisar, irá aplicar multas.
As ruas de lazer — modo em que um logradouro tem o tráfego de carros proibido para que ele seja ocupado por pedestres — não irão funcionar no entorno.
Os espaços foram escolhidos, conforme a prefeitura, pela viabilidade de serem fechados com equipamentos, como cercas e fitas, o que seria mais difícil em outros locais. Mas a orientação é que os moradores da Capital fiquem em casa e não saiam de suas residências por 15 dias. A venda de qualquer comida ou bebida dentro dos parques e praças da cidade será vedada.
Estacionamentos interditados
Estarão proibidos de funcionar os estacionamentos nos viadutos da Borges de Medeiros e no Parque Marinha do Brasil também será suspensa. As áreas estarão interditadas. Também ficará suspenso estacionamento de veículos e o serviço das áreas azuis na cidade por 15 dias. Serão 5 mil vagas que estarão proibidas de serem utilizadas, na tentativa de diminuir a circulação de pessoas.
Vale-transporte
Segundo a prefeitura, o cartão de vale-transporte de funcionários de empresas que não têm o funcionamento presencial autorizado não irá funcionar. A forma como a medida será colocada em prática ainda está sendo analisada.
Justificativa para as medidas
Para enfrentar o coronavírus, o município desenhou, no início da pandemia, um plano que prevê três níveis de preparação: um inicial, em que 174 leitos poderiam ser destinados a doentes de covid sem necessidade de realizar mudanças significativas na estrutura de saúde da Capital, uma fase intermediária em que 255 vagas poderiam ser ocupadas por pacientes com o vírus (mediante novas ampliações, como a iniciada na Santa Casa, e requisição de leitos já existentes) e um cenário extremo de 383 leitos com grande impacto em toda a estrutura de atendimento disponível.
Secretário-adjunto da SMS, Natan Katz confirma que as mais recentes projeções apontam, de fato, para o risco de colapso do sistema de saúde. Considerada a margem de erro dessa estimativa, até a tarde desta quarta-feira (1º), a expectativa era de que, na melhor das hipóteses, a sobrecarga ocorreria por volta de 22 de julho.