Mantida a velocidade atual de aumento nas internações por covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre, o teto máximo previsto de 383 leitos destinados a pacientes com coronavírus poderá se esgotar antes do final deste mês.
Projeções atualizadas diariamente pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), com base nas hospitalizações da semana, indicam que o pior cenário imaginado para enfrentar a pandemia poderia ocorrer em alguma data entre 14 e 22 de julho. Como se trata de uma projeção, essa estimativa pode variar conforme inúmeros fatores que interferem na taxa de contaminação, como uma maior ou menor adesão ao distanciamento social e o uso de máscaras.
Para enfrentar o coronavírus, o município desenhou um plano que prevê três níveis de preparação: um inicial, em que 174 leitos poderiam ser destinados a doentes de covid sem necessidade de realizar mudanças significativas na estrutura de saúde da Capital, uma fase intermediária em que 255 vagas poderiam ser ocupadas por pacientes com o novo vírus (mediante novas ampliações, como a iniciada na Santa Casa, e requisição de leitos já existentes) e um cenário extremo de 383 leitos com grande impacto em toda a estrutura de atendimento disponível.
Secretário-adjunto da SMS, Natan Katz confirma que as mais recentes projeções apontam, de fato, para o risco de mesmo o teto mais elevado previsto para atender a pandemia ser superado até o final deste mês. Considerada a margem de erro dessa estimativa, até a tarde desta quarta-feira (1º) a expectativa era de que, na melhor das hipóteses, a sobrecarga ocorreria por volta de 22 de julho.
Essa data pode variar conforme o número de novas internações em UTI aumente ou diminua na cidade. Se houver queda na demanda hospitalar como reflexo de uma retomada do isolamento social, pode nem mesmo ser atingida. Mas, no momento, a perspectiva é ruim.
Novos leitos estão sendo abertos para dar conta da demanda crescente, e outros estão sendo previstos para as próximas semanas — 11 na Santa Casa e 14 no Clínicas, somando-se a 152 leitos SUS exclusivos para covid já existentes.
— Se o que está ocorrendo agora tivesse acontecido no mês passado, antes das últimas ampliações realizadas, nós já estaríamos colapsados — afirma o chefe do setor de Infectologia do Hospital de Clínicas, Eduardo Sprinz.
Mas, mesmo com a abertura de novas vagas, a situação deverá ficar muito complicada na Capital se o patamar de 383 pacientes vier a ser alcançado — até pelo fato de ele já prever ampliações e remanejos na estrutura do município. Para Sprinz, os próximos dias serão determinantes.
— Acredito que as internações ainda vão seguir aumentando por cerca de uma semana. Depois disso, não sabemos. Acredito que a semana seguinte será decisiva para indicar que caminho nós vamos seguir — sustenta Sprinz.
Até as 15h desta quarta, a ocupação dos 702 leitos operacionais estava em 80% em Porto Alegre, o que já representa motivo de alerta e deixava 137 vagas disponíveis. Dos 565 pacientes sob tratamento intensivo, 142 (o equivalente a um quarto dos internados), tinham diagnóstico confirmado para covid. Ao longo de uma semana, esse número cresceu 35% nos hospitais da Capital.
Projeção de quando seriam alcançados os níveis de alerta
Essas datas são estimativas e podem variar conforme a evolução nas internações:
- Fase inicial (174 leitos) - Entre sexta-feira (3) e sábado (4)
- Fase intermediária (255 leitos) - Entre 8 e 13 de julho
- Fase avançada (383 leitos) - Entre 14 e 22 de julho
Pacientes confirmados com covid-19 nas UTIs da Capital
- 24/6 - 105
- 25/6 - 112
- 26/6 - 112
- 27/6 - 122
- 28/6 - 137
- 29/6 - 146
- 30/6 - 137
- 1/7 - 142