A quinta etapa da pesquisa inédita que verifica a prevalência da covid-19 na população gaúcha revelou que 53 mil pessoas têm anticorpos para o coronavírus, ou seja, já foram contaminadas.
Os dados oficiais da Secretaria Estadual da Saúde registravam, na manhã desta quarta-feira (1º), 26,9 mil casos confirmados. Conforme o estudo, há um infectado a cada 214 pessoas. Na primeira etapa do levantamento, em abril, a projeção era de um infectado a cada 2 mil pessoas.
O trabalho coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) indica que, para cada 1 milhão, há 4,6 mil infectados reais contra 2,2 mil casos notificados. A pesquisa foi encomendada pelo governo do Estado e começou a ser aplicada em abril. Teria quatro fases, mas acabou ampliada para oito etapas, que se estenderão até setembro com entrevistas e aplicação de testes rápidos em nove cidades.
Os resultados estão sendo apresentados na tarde desta quarta-feira pelo governador Eduardo Leite e pelo epidemiologista da UFPel Fernando Barros. A partir das conclusões, Leite destacou a redução da subnotificação e voltou a pedir a colaboração da população para manter o distanciamento social. Sobre a impossibilidade de treinos de futebol coletivos no momento, ponderou:
— Estamos pedindo só um pouco mais de paciência por algumas semanas.
O coordenador do estudo e reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal ,tem defendido a adoção de lockdown no país, mas sobre o Rio Grande do Sul, destaca:
— Se o Estado fosse uma ilha, eu proporia um olhar mais para as áreas de risco. Falei em lockdown para o país como um todo, não especificamente para o Estado.
Com o crescimento da prevalência do vírus na população, a recomendação do estudo é para o aumento da testagem e da busca ativa, ou seja, o monitoramento das pessoas que sejam do círculo de relações dos contaminados.
O governador anunciou um projeto para a busca ativa na região Metropolitana. Conforme a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, a meta é fazer 3 mil testes por dia em pessoas sintomáticas e em seus contatos.
Em relação ao item "distanciamento social", o percentual de pessoas que declaram ficar em casa diariamente caiu: são 12,7% nesta etapa, abaixo dos 14,5% da fase anterior, realizada entre 22 e 24 de maio. Na primeira etapa, em abril, 21,1% ficavam em casa todos os dias.
Entre os nove municípios pesquisados, Porto Alegre é a que tem o menor percentual de pessoas que declaram ficar em casa o tempo todo: 10,2%. Depois estão Ijuí (11,4%), Caxias do Sul (11,8%), Passo Fundo (12%), Santa Cruz do Sul (12,2%), Canoas (13,4%), Pelotas (14%), Santa Maria (14,6%) e Uruguaiana (14,6%). Caxias do Sul é onde os entrevistados declararam em maior número sair de casa todos os dias: 40% dos participantes.
Os principais sintomas entre as 21 pessoas que tiveram teste positivo nesta quinta fase foram: tosse (45%), dor de garganta (35%), alterações do olfato e do paladar (30%), dificuldades de respirar (25%), febre (20%) e diarreia (10).
Quanto à taxa de letalidade, pelos dados da pesquisa, ela é de 1,1%, enquanto pelos casos oficiais fica em 2,2%. Conforme o epidemiologista Barros, a letalidade de 1,1% é considerada alta por ser bem maior do que a de outras epidemias de infecções respiratórias.
Sobre quando deverá ser o pico da doença no Estado, o reitor da UFPel disse que dependerá de como for o comportamento da população nos próximos dias.