No segundo dia consecutivo de leve piora, a ocupação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) de Porto Alegre chegou a 89,1% nesta sexta-feira (31), apesar da abertura de novos leitos durante a semana. Até as 16h30min, 307 pessoas estavam internadas por coronavírus em leitos intensivos da capital gaúcha, o maior número dos últimos cinco dias.
Quatro hospitais esgotaram sua capacidade de atendimento: Moinhos de Vento, Vila Nova, Porto Alegre e Santa Ana – destes, apenas o último não tratava alguém com covid-19. No dia anterior, também havia quatro hospitais com a capacidade máxima atingida: Pronto-Socorro e Fêmina, que ganharam um alívio na sexta, e Moinhos e Porto Alegre, que chegaram ao limite nos dois dias consecutivos.
Os hospitais de Clínicas e o Conceição, duas referências de Porto Alegre para o tratamento de coronavírus, estão com lotação de 95%, o que inclui o atendimento a pacientes de outras doenças.
O número de pacientes em UTIs por coronavírus vinha caindo diariamente desde o último domingo (26), quando a cidade bateu recorde em internações, mas a tendência foi interrompida na quinta-feira (30), quando voltou a crescer, e se manteve nesta sexta-feira.
Média de mortos subiu
A média móvel de internados em UTIs e de mortos por coronavírus em Porto Alegre nos últimos sete dias é de 9,6, a maior das últimas três semanas. Contudo, apesar da expansão, o ritmo perdeu força, como mostra o gráfico a seguir.
A taxa de letalidade aparente de Porto Alegre (pessoas infectadas que morreram) é de 4,07 em Porto Alegre, acima da média nacional, de 3,5, destaca o matemático Álvaro Krüger Ramos, professor do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ele avalia que as variações da última semana, para melhor e pior, não permitem apontar qualquer tipo de tendência. Para Ramos, o aumento na média móvel de mortes pode indicar que a aparente estabilização ocorreu por liberação de leitos de pacientes que vieram a óbito.
— A primeira causa para aparente estabilidade pode ser maior mortalidade, o que libera UTIs. A outra questão é que estamos na época de ver o desfecho da grande massa de pessoas que internaram no início de junho, então haverá mais altas ou mortes. O número de internações em UTIs é importante pra visualizar, mas não diz, sozinho, a tendência da pandemia — aponta o matemático, que pesquisa a pandemia.
O Hospital Moinhos de Vento não forneceu porta-voz para entrevista, mas afirmou, por meio de nota, que a ocupação de 100% é transitória e que busca adaptar leitos para atender pacientes que precisarem de UTI. O hospital cita que cancelou cirurgias eletivas (não obrigatórias), de acordo com regras impostas pelos governo estadual e pela prefeitura. Por fim, "reforça que a situação é preocupante, reiterando que todos façam a sua parte, com consciência em relação às práticas sanitárias e de isolamento".