O governo do Rio Grande do Sul anunciou, nesta segunda-feira (20), a decisão sobre os recursos apresentados por prefeitos gaúchos na tentativa de reverter o quadro de bandeira vermelha nos municípios. O mapa preliminar, anunciado na sexta (17), havia colocado 90% do território gaúcho sob bandeira vermelha, o segundo nível mais alto de restrições de atividades.
O sistema de distanciamento controlado foi idealizado pelo Executivo do Estado no objetivo de tentar frear o número de infectados pelo coronavírus no RS.
Em uma transmissão ao vivo nesta tarde o governador Eduardo Leite anunciou que as regiões de Capão da Canoa, Taquara, Novo Hamburgo, Canoas, Porto Alegre, Palmeira das Missões, Passo Fundo e Caxias do Sul permanecem em bandeira vermelha.
Em contrapartida, o gabinete de crise deferiu os pedidos de reconsideração de 10 regiões — Santa Maria, Uruguaiana, Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul e Lajeado podem retomar normas menos rígidas da bandeira laranja.
Confira abaixo a avaliação das prefeituras das principais cidades em bandeira vermelha.
Palmeira das Missões
O prefeito Eduardo Freire lamentou a rejeição do recurso via associação de municípios da região.
— Apesar de ficarem evidente as melhoras nos números da última semana, pois passamos de um índice de 2.44 para 1.91, não foi suficiente para retornar a bandeira laranja. Esperamos que a melhora seja uma tendência e que possamos logo ter menos protocolos restritivos.
Canoas
Em nota, o prefeito Luiz Carlos Busato disse que o município "seguirá realizando, como tem feito até agora, medidas para conter a disseminação do vírus e ampliar a estrutura de atendimento à população". Diz, ainda, que a prefeitura colocou mais 10 leitos de UTI em funcionamento no Hospital Universitário e deve inaugurar outros 10 ainda esta semana no Hospital Nossa Senhora das Graças.
— Apesar dos nossos índices demonstrarem um declínio na aceleração dos casos de contágio na cidade, seguimos monitorando constantemente o impacto que a situação de esgotamento de leitos em cidades próximas pode gerar na nossa estrutura — afirma Busato.
Caxias do Sul
De acordo com o vice-prefeito de Caxias do Sul, Edio Elói Frizzo, "não era a expectativa" do município permanecer em bandeira vermelha.
— Nós temos feito o nosso dever de casa. Ampliamos imensamente o número de leitos hospitalares, ampliamos as unidades de tratamento intensivo, investimos recursos que praticamente não temos, a nível da prefeitura municipal, para cumprir as exigências do critério de bandeiras e tínhamos a expectativa de retornar então a bandeira laranja. Lamentavelmente, isso não ocorreu.
O secretário de saúde de Caxias também falou, ao Pioneiro, sobre a realização do Gre-Nal de quarta-feira. Segundo ele, o clássico está mantido.
— Isso está liberado pelo governador (Eduardo Leite). Ele liberou treinamentos e os coletivos, e ninguém falou nada. Daí, quando foi para os jogos, todo mundo saiu fora, não quer. Isso (partidas) estava previsto que iria acontecer. Não houve, realmente, um entendimento técnico. Ninguém disse "nós não vamos fazer os jogos no município por essa e por essa razão sanitária". Se for ver a fala do prefeito de Porto Alegre (Nelson Marchezan), ele diz que é uma questão moral. Aqui em Caxias, nós temos condições sanitárias de fornecer o campo para eles jogarem. É isso. É uma atividade econômica, como qualquer outra — afirma o secretário Jorge Olavo Hahn de Castro.
Capão da Canoa
O prefeito de Capão da Canoa, Amauri Magnus Germano, disse que enviou ofício ao governo do Estado para mudanças de protocolos do distanciamento controlado.
— Contamos com a compreensão e sensibilidade nessa mudança nos protocolos, levando em conta a significativa quantidade de semanas que o Litoral Norte está na bandeira vermelha. Enquanto a maioria das regiões consegue voltar para a bandeira laranja, o litoral segue prejudicado. Estamos trabalhando para efetivar leitos de UTIs, embora não seja nossa responsabilidade constitucional, mas precisamos da colaboração das outras esferas de governo.
Novo Hamburgo
A administração do município afirma que não havia apresentado recurso individual para mudar a bandeira e que segue as determinações do sistema de distanciamento controlado do governo do Estado.
Porto Alegre
A prefeitura da Capital não havia entrado com recurso. De acordo com o secretário extraordinário de Enfrentamento ao Coronavírus, Bruno Miragem, a bandeira vermelha do Estado está de acordo com o que a prefeitura de Porto Alegre observa "na realidade da cidade, especialmente com relação ao nosso índice de ocupação de UTIS por pacientes de coronavírus em patamar superior a 90%".
— É mais uma sinalização daquilo que identificamos e fundamentam as restrições que estabelecemos no município e o chamamento da população para aderir ao distanciamento social — afirma.
GaúchaZH entrou em contato e aguarda posição das demais prefeituras que permanecem em bandeira vermelha.
Presidente da Famurs avalia mudanças como positivas
Prefeito de Taquari e presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs-RS), Emanuel Hassen de Jesus avalia como positiva a possibilidade de os municípios recorrerem da definição do governo estadual em relação as bandeiras.
— Como é um processo novo e rápido, e importante que os municípios possam ter como contestar a determinação, até porque, como vemos, alguns têm de fato a decisão alterada. Isso faz com que as regiões possam acompanhar e trabalhar em cima desses números. Essa postura do governo de reconhecer é uma demonstração de parceria, de humildade e que mostra que está preocupado com o conjunto do Estado.
Hassen afirma ainda que o Estado está em "alerta total" e que a sociedade precisa seguir tomando os cuidados necessários.
— As bandeiras vermelhas têm crescido, assim como números de internações. É um período de alerta total e nós como sociedade precisamos cumprir as medidas de proteção, assim como entender que esse é um processo coletivo.