No mais grave estágio da pandemia no Estado, 90% do território gaúcho entrou em alerta crítico para contaminação do coronavírus. O mapa preliminar do status de risco divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Palácio Piratini mostrou 18 das 20 regiões sob bandeira vermelha. Somente Bagé e Pelotas estão sob bandeira laranja. Dos 11,3 milhões de gaúchos, 10,2 milhões vivem nas áreas em que sair às ruas nos próximos dias pode ser considerado atitude temerária.
Além do crescimento de 23% na ocupação por pacientes covid-19 de leitos clínicos e de 13% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o Estado registou um salto de 31% no número de mortes. Foram 207 óbitos por infecção do coronavírus na semana anterior, ante 271 nos últimos sete dias. O aumento nos casos de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) também contribuiu para uma ocupação maior da rede de saúde pública.
Como de praxe, o mapa definitivo será divulgado na segunda-feira à tarde, após julgamento pelo gabinete de crise de eventuais pedidos de reconsideração dos prefeitos. Os municípios têm até as 6h de domingo para apresentarem recurso para o governo do Estado.
Mesmo assim, pelo menos 270 prefeituras poderão adotar padrões de isolamento condizentes com bandeira laranja por não terem registro de óbito nem de hospitalização por covid nas duas últimas semanas. Nessas cidades, moram 1,7 milhão de pessoas, cerca de 15% da população gaúcha.
Enquanto isso, os dados atuais sobre o comportamento da pandemia no Estado evidenciam que a 11ª rodada do sistema de distanciamento controlado exibe o pior cenário desde a chegada do vírus ao Rio Grande do Sul.
“As equipes do governo alertam para a situação de cinco regiões que ficaram muito próximas de migrarem para o nível de risco altíssimo”, alerta o comunicado oficial do Piratini.
Numa escala em que a média ponderada dos 11 indicadores de risco classifica como 2,5 o índice para adoção de bandeira preta, Taquara (2,4), Porto Alegre (2,36), Capão da Canoa (2,33), Novo Hamburgo (2,25) e Canoas (2,25) lideram o ranking de perigo. O principal fator de risco foi o aumento das hospitalizações.
Em Porto Alegre, foram 334 novas internações nos últimos sete dias. Na UTIs, a ocupação de leitos por pacientes covid-19 passou de 210 para 258 – nos casos de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG), o salto foi 264 para 312. Em Canoas, foram 47 novas hospitalizações e piorou a disponibilidade de vagas nas UTIs.
Em Santa Maria, onde a bandeira migrou de laranja para vermelha, o risco de saturação dos hospitais assusta as autoridades. A ocupação das UTIs praticamente dobrou (de 10 para 18 leitos por covid-19 e de 13 para 23 por SRAG), com consequente recuo na capacidade de atendimento.
Das 10 regiões que estavam sob bandeira vermelha, apenas Pelotas apresentou melhora. Em contrapartida, em outras nove houve acirramento das condições sanitárias. Além de Santa Maria, passaram para etiqueta rubra Uruguaiana, Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Santa Cruz do Sul e Lajeado. Bagé foi a única não teve o quadro alterado.