Depois de completar as três fases, a Epicovid-19, pesquisa coordenada pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), não deve mais receber o financiamento do Ministério da Saúde para ocorrer em território nacional. Ainda que não tenha recebido um comunicado oficial da pasta, o reitor da instituição, Pedro Hallal, disse que já esperava o fim do custeio.
— A gente sabia que não iam financiar mais. Na coletiva da divulgação, o secretário falou na possibilidade, mas a gente notava que não iam renovar. Não gostaram dos resultados. Nossa interpretação isenta incomodou.
Com investimento total de R$ 12 milhões, o estudo objetiva estimar o percentual de pessoas com anticorpos para o coronavírus e avaliar a velocidade de expansão da doença no país. Os pagamentos foram feitos em três parcelas. A última, de R$ 3,5 milhões, foi quitada nesta semana.
Sem o financiamento, Hallal diz que a universidade pretende buscar auxílio com outros grupos de pesquisa ou com a iniciativa privada.
— A Epicovid-19 não vai parar. Temos que estar com a pesquisa na rua enquanto tiver a pandemia.
O braço gaúcho do estudo, o Epicovid19-RS, ainda tem previstas mais etapas, que devem se estender até o fim de setembro. Ele é coordenado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela UFPel, além de mobilizar uma rede de 12 universidades federais e privadas. O estudo, com custo estimado em R$ 1,5 milhão, tem apoio da Unimed Porto Alegre, do Instituto Cultural Floresta, também da capital gaúcha, e do Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.
Procurado, o Ministério informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que dará prosseguimento aos estudos de prevalência de coronavírus no país, no entanto, ainda não definiu qual pesquisa será contemplada. Leia a nota na íntegra:
"O Ministério da Saúde dará continuidade a estudos de inquérito epidemiológico de prevalência de soropositividade na população. Ainda não está definido se será a continuação do EPICOVID19-BR, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) ou por outra instituição, ou PNAD Covid, pelo IBGE. Uma alternativa em estudo é utilizar ambas as estratégias.
O Ministério da Saúde esclarece ainda que, conforme estava previsto no Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado com a UFPel, as três etapas previstas da pesquisa EPICOVID19-BR foram executadas. A pesquisa "Evolução da Prevalência de Infecção por COVID-19" foi financiada pelo Ministério da Saúde por meio de um Termo de Execução Descentralizada de Recursos. O extrato foi publicado no Diário Oficial da União".