A fila de espera por um leito de UTI nos hospitais que atendem pacientes com coronavírus em Porto Alegre já é a maior registrada desde o início da pandemia. O nível de contingência nas instituições de referência ficou ainda mais rigoroso. E a situação só se agrava. O gerente de crise do Hospital de Clínicas, médico Ricardo Kuchenbecker, concedeu uma entrevista realista e preocupante na manhã desta terça-feira (21) ao Gaúcha Atualidade.
Realista porque discorreu sobre a real situação do maior hospital para atendimento de pacientes com covid-19 do Rio Grande do Sul: chegaremos ao colapso nos próximos dias, provavelmente na virada de julho para agosto. Mesmo com a abertura de mais 10 leitos, isso não será suficiente para estancar a crise. E preocupante porque o sistema entrou num patamar em que escolhas são feitas para priorizar quem é atendido primeiro. Isso tende a se agravar nos próximos dias, diz o médico do Clínicas, e vai chegar o momento em que essas escolhas serão ainda mais necessárias, portanto, alguém ficará sem vaga.
Ele voltou a defender medidas mais rigorosas de isolamento social, reconheceu que não existe um protocolo claro sobre lockdown, mas que a gravidade da situação na grande Porto Alegre - reforçando que se trata de um problema da Região Metropolitana, com 4.4 milhões de habitantes - atingiu uma situação dramática.