Com a atualização do modelo de distanciamento controlado divulgada na sexta-feira (10) pelo governo do Estado, 15 das 20 regiões foram colocadas sob restrição severa à circulação de pessoas. A Secretaria Estadual de Articulação e Apoio aos Municípios do Rio Grande do Sul (SAAM) contabilizou 63 pedidos de reconsideração nos dados utilizados na 10ª rodada do distanciamento controlado. É um dos maiores números já registrados: na semana passada, foram 37 recursos. No dia 28 de junho, o número foi de 67 e, em 21 de junho, chegaram a 30.
Além de Porto Alegre, Canoas, Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Pelotas e Palmeira das Missões, cujo status de alerta já elevados desde a semana passada, agora entram em bandeira vermelha as regiões de Taquara, Santo Ângelo, Santa Rosa, Cruz Alta, Erechim, Passo Fundo, Caxias do Sul, Cachoeira do Sul e Santa Cruz do Sul.
Os municípios tinham até as 6h da manhã deste domingo (12) para corrigirem eventual erro nas informações ou apresentar pedido de reconsideração. O mapa definitivo será divulgado na tarde de segunda-feira (13), após reanálise pelo gabinete de crise do Piratini.
A nova classificação divide opiniões entre prefeitos dos municípios, entre os que concordam e os que divergem das imposições.
Erechim
O prefeito de Erechim, Luiz Francisco Schmidt, adianta que vai recorrer do mapa preliminar:
— Embora esteja ocorrendo um aumento da velocidade de contágio em todo o país e no Rio Grande do Sul não é diferente, aqui em Erechim ocorre o mesmo, temos aumentado a nossa capacidade de hospitalização. Temos a esperança de que revejam e possam nos manter na bandeira laranja.
Santa Rosa
O prefeito de Santa Rosa, Alcides Vicini, afirmou que os municípios que compõem a região já estão discutindo a situação e devem recorrer da decisão pela bandeira vermelha. Além de Santa Rosa, outras 20 cidades fazem parte da região.
Santo Ângelo
O prefeito de Santo Ângelo, Jacques Barbosa, diz que vai avaliar o mapa, mas garante que vai recorrer.
Santa Cruz do Sul
Em Santa Cruz do Sul, a procuradoria do município afirma que já se organiza para recorrer da decisão do governo estadual pela mudança de bandeira.
Caxias do Sul
Flavio Cassina, prefeito de Caxias do Sul, que permanece pela terceira semana consecutiva na bandeira vermelha, afirma que também irá recorrer.
— Nós temos condições nesse momento de buscar alguns argumentos relevantes sobre a capacidade de atendimento clínico e de UTIs a serem apresentadas ao comitê de indicadores do gabinete de crise do governo do Estado. O recurso será apresentado nesse sábado, na esperança de que dê tudo certo, mas é uma situação muito difícil porque viver nessa gangorra é terrível. Não temos como segurar mais a equação correta entre economia e saúde.
Pelotas
Diferente da semana anterior quando anunciou de imediato que não recorreria do mapa preliminar, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, diz que vai reunir sua equipe para tomar a decisão.
— Optamos por não recorrer na primeira semana em função do agravamento da situação na nossa região. O elemento mais importante que nós teríamos para colocar como recurso agora seriam 10 novos leitos que nos disponibilizamos para regulação estadual, mas como isso aconteceu no início desta semana, me parece que o Estado já levou em conta para esta análise que foi disponibilizada hoje e isso não foi suficiente para reverter a bandeira. De qualquer forma, eu vou ainda ouvir o Comitê de Crise, vou conversar com os técnicos e definir se nós faremos ou não o recurso dentro do prazo previsto.
Palmeira das Missões
Quem também irá avaliar a situação é o chefe do Executivo em Palmeira das Missões, Eduardo Freire.
— Precisamos verificar quais foram os critérios que pioraram e quais medidas administrativas poderemos tomar para melhorar a situação atual.
Taquara
Já o prefeito de Taquara, Tito Livio Jaeger Filho, diz que já esperava esse resultado.
— O aumento de casos positivos, internações hospitalares e principalmente óbitos na última semana, na área dos municípios que integram a nossa região, já nos sinalizavam essa mudança de bandeira. Já estamos agendados com os demais colegas para amanhã cedo tratarmos em conjunto qual será a postura que iremos assumir.
Porto Alegre
Quem também vê o cenário como esperado é o secretário extraordinário de Enfrentamento ao Coronavírus de Porto Alegre, Bruno Miragem. Segundo ele, a Capital concorda com a classificação do governo estadual em relação a bandeira na cidade.
— É a nossa percepção também, que o risco está elevado na Capital, é algo que já esperávamos. Nós temos tomado medida até mais rígidas do que as previstas pelo Estado, que são um esforço nosso de mais rapidamente frear essa curva do coronavírus. Estamos alinhados e concordamos com o Estado nessa questão — afirma.
Capão da Canoa
O prefeito de Capão da Canoa, Amauri Germano, disse a região está trabalhando para aumentar os leitos de UTIs nos hospitais de referência, que são Osório e Tramandaí.
— Estamos muito próximos de cinco leitos para o Hospital Tramandaí. O governo federal entrou com respiradores, governo estadual com o custeio e a AMLINORTE, através dos municípios, com os recursos necessários à aquisição dos demais equipamentos para montagem do leito, tal como cama hospitalar, monitores, bombas de infusão e outros periféricos. Também há busca por mais 10 leitos no Hospital de Osório, ampliando a capacidade de atendimento.
Cruz Alta
O prefeito de Cruz Alta, Vilson Roberto dos Santos, afirmou que está em contato com os demais prefeitos da Associação dos Municípios do Alto Jacuí para analisar as justificativas do governo. No entanto, a perspectiva é que ocorra a solicitação de recurso. O prefeito ainda informou que neste sábado (10) irá realizar uma reunião com a secretaria municipal de saúde e com os diretores dos hospitais para debater a situação.
— O nível de hospitalização está baixo. No entanto, tivemos um aumento de óbitos. Outro elemento que nos preocupa é a falta de medicamentos, os hospitais já suspenderam as cirurgias eletivas — avaliou.
Outras prefeituras
GaúchaZH aguarda posição das prefeituras de Canoas, Novo Hamburgo e Passo Fundo e tenta contato com a de Cachoeira do Sul.
* Colaborou Guilherme Justino