A Argentina iniciará na semana que vem a fase de ensaios clínicos em pacientes de uma solução hiperimune à base de soro de cavalos, um medicamento potencial para o tratamento de coronavírus, anunciou nesta sexta-feira (24) o laboratório responsável.
O protocolo clínico foi aprovado pela Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat), órgão responsável pela validação de testes. O soro equino foi desenvolvido em cooperação entre a empresa de biotecnologia Inmunova e a Universidade Nacional de San Martín (UnSam). Os testes, segundo a Inmunova, permitirão avaliar "a segurança e a eficácia" do tratamento.
O estudo clínico começará em quatro hospitais, o Güemes (privado) e o Pirovano (público) na Capital, além de outros dois na província de Buenos Aires. Os testes continuarão em seguida em outros dez centros de saúde da área metropolitana, onde se concentram 90% dos casos de coronavírus do país. O tratamento consiste em "dar anticorpos às pessoas com COVID-19 que têm a capacidade de frear e neutralizar o vírus, impedindo o desenvolvimento da doença", explicou à AFP Fernando Goldbaum, diretor científico da Inmunova e pesquisador do Conicet.
Em ensaios in vitro, o soro se mostrou capaz de neutralizar o vírus, com uma potência cerca de 50 vezes maior que a média do plasma de doentes, segundo o comunicado. O tratamento com plasma convalescente já está sendo aplicado no Rio Grande do Sul, e foi usado em pacientes no hospital Virvi Ramos, na serra gaúcha.
O soro é uma imunoterapia baseada em anticorpos policlonais equinos, obtidos mediante a injeção de uma proteína recombinante do SARS-CoV-2 em cavalos, inócua para os animais, mas que provoca a geração de grandes quantidades de anticorpos neutralizantes.
— O cavalo é uma biofábrica. Com poucos cavalos é possível obter muito soro — destacou Goldbaum.
Após a extração do plasma, os anticorpos são purificados e processados para obter fragmentos dos anticorpos com alta pureza e bom perfil de segurança.
Na Argentina, 153.507 pessoas foram contaminadas pelo coronavírus, das quais 2.807 faleceram e 65.447 se recuperaram, de acordo com últimos dados oficiais publicados nesta sexta-feira.