Em meio ao avanço do coronavírus no Brasil no mês de maio, mais de quatro milhões de brasileiros apresentaram sintomas conjugados associados à covid-19, informou nesta quarta-feira (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua divulgação da Pnad Covid-19.
O IBGE considerou os seguintes conjuntos de sintomas: perda de cheiro ou de sabor; tosse, febre e dificuldade para respirar; tosse, febre e dor no peito. Segundo o instituto, são sintomas que vão de acordo com estudos da área de saúde e que podem ser associados à covid-19.
De acordo com o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, os sintomas considerados são aqueles relacionados à síndrome gripal. Ele acrescentou que, na próxima pesquisa, serão inseridos outros sintomas, como a diarreia.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores do IBGE perguntaram aos moradores dos domicílios abordados se, na semana anterior à entrevista, algum deles apresentara algum dos seguintes sintomas: febre, tosse, dor de garganta, dificuldade de respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de cheiro ou de sabor e dor muscular.
O indicador do IBGE partiu de uma pesquisa recomendada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC), além de experiências internacionais e consultas a especialistas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, da Fiocruz e da escola de enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O primeiro caso conhecido de covid-19 no país ocorreu em 25 de fevereiro. Nesta quarta (24), quase quatro meses depois, o Brasil registrou 1.185 novas mortes pela covid-19 e 42.725 novos casos da doença. No total, são 53.830 mortes pelo coronavírus e 1.188.631 casos de infecção pelo Sars-CoV-2.
Essa é a primeira edição de uma pesquisa extraordinária realizada pelo IBGE, chamada de Pnad Covid-19, para medir os efeitos da doença sobre a população e sobre o mercado de trabalho. A pesquisa vem sendo feita pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde e mobilizou 2 mil agentes, que procuraram 193,6 mil domicílios em 3.364 cidades em todo o país.
De acordo com a divulgação, em maio, cerca de 24 milhões de pessoas (11,4% da população) apontaram ter algum dos sintomas de síndrome gripal. Desses, 3,8 milhões apontaram perda de cheiro ou sabor, enquanto um milhão indicou tosse, febre e dificuldade para respirar e outras 991 mil indicaram tosse, febre e dor no peito.
Sul tem menor prevalência de sintomas
Segundo Maria Lúcia Vieira, gerente da pesquisa, a região do país que mais sentiu os sintomas da covid-19 foi o Norte, com 7,8% da população apresentando alguns dos sintomas conjugados.
De fato, o coronavírus vem sendo mais letal no Norte do que nas outras regiões do país, especialmente o Sul, parte menos afetada pela pandemia no Brasil. Enquanto na primeira região 45,5 a cada 100 mil habitantes já morreram pela covid-19, na segunda esse número está em 3,4 até agora. Entre os dois extremos vêm Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, com taxas que variam de 27,8 a 5,9 respectivamente.
As taxas de mortalidade são semelhantes às apresentadas pelo IBGE nos sintomas conjugados. Depois do Norte, a maior proporção é no Nordeste, região em que essa taxa ficou em 2,7%, enquanto o Sudeste apresentou 1,2%, o Sul registrou 0,6% e o Centro-Oeste marcou 0,4%.
A maioria dos entrevistados que apresentaram sintomas conjugados foram mulheres (57,4%). Já a maior parte da população tinha entre 30 e 59 anos (55,2%). Faixa etária considerada do grupo de risco, 11,1% das pessoas com 60 anos ou mais confessaram um quadro de síndrome gripal.
Entre os brasileiros que apresentaram sintomas conjugados, 1,3 milhão de pessoas procuraram atendimento em estabelecimento de saúde, a maioria (78,2%), em locais públicos, como postos de saúde, equipes de saúde da família, UPAs, pronto-socorros ou hospitais do SUS.
Já 61 mil precisaram ficar internados e 22 mil tiveram que ser sedados, intubados ou colocados em respiração artificial.