A pressão do coronavírus sobre as UTIs do Interior apresentou uma leve redução, mas a boa notícia não abrange todos os municípios.
A taxa de ocupação de pacientes internados com diagnóstico ou suspeita de covid caiu 9% em uma semana, até o começo da tarde desta sexta-feira (19), graças a um ligeiro recuo nas hospitalizações e a um acréscimo na oferta de vagas. As regiões de Canoas e de Novo Hamburgo destoavam dessa tendência com aumento na demanda de doentes com coronavírus e outras patologias, que ocupavam cerca de 90% das vagas.
A utilização dos leitos de tratamento intensivo por pessoas com teste positivo ou em análise para o novo vírus variou de 21,2% uma semana antes para 19,3% no balanço de 19 "regiões covid" — excluído o grupo de 25 municípios abrangidos pela zona de Porto Alegre. Essas áreas correspondem à divisão territorial feita pelo governo estadual para atribuir bandeiras de alerta em relação ao avanço da pandemia e à capacidade de atendimento.
Em números absolutos, havia 257 internados vinculados ao coronavírus na sexta-feira anterior (162 confirmados e 95 suspeitos) fora da zona da Capital, que passaram a somar 244 hospitalizados (161 com diagnóstico e 83 em investigação) até as 12h.
O percentual de ocupação por parte desses pacientes também foi reduzido porque houve um aumento na quantidade de leitos disponíveis: saltaram de 1.213 para 1.266, conforme dados informados pelos próprios hospitais e tabulados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Isso ajuda a diluir a proporção de uso.
Das 19 zonas analisadas por GaúchaZH, nove tiveram redução no índice de ocupação vinculado ao coronavírus (veja no gráfico). O destaque foi Santa Rosa, onde a taxa caiu 83%. Havia seis doentes confirmados ou suspeitos, que se reduziram a um. Como há apenas 26 vagas em UTI, pequenas variações podem resultar em percentuais elevados. No sentido oposto, as regiões de Santo Ângelo, Canoas e Palmeira das Missões registraram os maiores aumentos.
Quatro regiões tinham 80% ou mais de utilização
Quando se analisa o uso das vagas de UTI no Interior por todo tipo de patologia, quatro regiões se encontravam com ocupação igual ou superior a 80%: Pelotas, Ijuí, Canoas e Novo Hamburgo.
Canoas e Novo Hamburgo (e os municípios vizinhos que compõem as respectivas “áreas covid”), até o começo da tarde registravam mais de 90% de uso. Em Canoas, o índice de utilização cresceu 26,4% em uma semana e resultou no aproveitamento de 110 das 121 vagas disponíveis. Na média das cidades sob abrangência de Novo Hamburgo, como São Leopoldo, essa proporção chegou a 93,5% no começo da tarde.
Uma das estratégias defendidas para evitar o risco de um colapso é ampliar o distanciamento social.
— Fortalecer o isolamento é um dos pontos mais importantes neste momento (para evitar uma sobrecarga) — avalia a presidente da Fundação Hospital Centenário, de São Leopoldo, Lilian Silva.
O governo estadual informa que vem buscando ampliar a rede de atendimento. Desde o começo da pandemia, o número de vagas em UTIs cresceu 67%, o que corresponde à habilitação de 624 leitos. Outros 33 estão montados e aguardam habilitação do Ministério da Saúde para receber pacientes.
— Essa ampliação como objetivo evitar um colapso no sistema público de saúde e impedir que pessoas morram sem chance de serem atendidas, como, infelizmente, ocorre em outros locais — declarou o governador Eduardo Leite em transmissão ao vivo de atualização sobre o cenário da pandemia no Rio Grande do Sul.