Com 474 pacientes recrutados do total de 630 pretendidos, o estudo Coalização Covid Brasil recebeu aval para dar prosseguimento aos testes com hidroxicloroquina e azitromicina em pacientes graves de coronavírus. A pesquisa faz parte de uma aliança de grandes hospitais brasileiros, como Sírio-Libanês, Albert Einstein, HCor e Moinhos de Vento (HMV).
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (7), Regis Goulart Rosa, médico e pesquisador do HMV e membro do comitê diretivo da Coalizão Covid Brasil, falou sobre o andamento do estudo.
— O aval que tivemos é uma avaliação que é praxe em estudos clínicos: uma análise de um comitê externo de monitoramento e segurança de dados.
Esse comitê, explicou, é formado por pesquisadores renomados de fora do país, que têm como objetivo observar se os aspectos operacionais do estudo estão sendo realizados da melhor forma possível e se há evidência precoce de benefício ou dano do uso das substâncias. Seria uma espécie de “auditoria externa”, comparou. Cabe a esse grupo definir se o estudo pode seguir em frente ou não, pois oferece riscos.
— No caso da avaliação de ontem (quarta-feira, 6) do comitê, a conclusão foi que não temos evidência precoce de benefício ou de risco das terapias, que a pesquisa está sendo conduzida de forma adequada e que temos segurança para prosseguir — afirmou.
E acrescentou:
— Hoje, pelos resultados parciais das análises, não se pode dizer que o tratamento com hidroxicloroquina ou hidroxicloroquina mais azitromicina ou o tratamento usual é melhor para os pacientes.
Sobre a quantidade de pacientes que serão avaliados no Rio Grande do Sul, Rosa explicou que não é possível precisar números, pois o levantamento conta com o recrutamento de pessoas de todo o Brasil. Nesse momento, o Estado não tem um número tão expressivo de casos como São Paulo e Ceará, por exemplo.
— Outros hospitais têm capacidade de recrutamento maior em função de terem mais casos — justificou.
Justamente por contar com a participação de outras instituições que recebem um grande volume de doentes é que há uma perspectiva de que a fase de inclusão de pacientes seja concluída ainda em maio. Se a previsão se concretizar, Rosa acredita que em junho, ou no máximo e julho, já será possível ter algumas conclusões sobre as substâncias.
Esse braço da pesquisa tem como objetivo analisar 210 pacientes tratados com hidroxicloroquina, 210 com hidroxicloroquina mais azitromicina e outros 210 com tratamento usual que vem sendo feito. Além disso, todos que participam da pesquisa receberão acompanhamento por um ano, na tentativa de identificar possíveis efeitos da doença a longo prazo.
Ouça a entrevista completa: