O avanço do coronavírus no Rio Grande do Sul tem levado as principais redes de supermercados a ampliar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). Máscaras de TNT semelhantes àquelas usadas por equipes médicas, tela de acrílico e até capacetes com placa transparente, conhecidos como face shield (escudo facial, na tradução do inglês), passaram a ser vistos nos últimos dias em caixa-operadores, padeiros e açougueiros dos mercados.
Na rede Zaffari, os funcionários que têm contato com os clientes receberam os shields (por sinal, customizados com as cores da marca). Conforme a empresa, o protetor oferece maior facilidade para a respiração quando comparado com as máscaras comuns, e, além da boca e do nariz, protege os olhos, representando uma barreira física de contenção tanto do funcionário quanto das pessoas ao seu redor.
"Os colaboradores da rede estão recebendo orientações rigorosas quanta à higienização do material, que deverá ser feita antes e após o uso, com água e sabão ou álcool em gel", afirma o Zaffari, em nota enviada à reportagem.
Os Grupo BIG instalou placas de acrílico na frente dos caixa-operadores. Além disso, passou a orientar os funcionários a utilizarem máscaras e luvas durante toda a jornada de trabalho. Os atendentes recebem álcool gel para realizar a higienização das mãos após manusearem dinheiro e cartões.
Na Rede Asun, foram alocadas placas de acrílico sobre o dispositivo de cartões, entre caixa-operadores e clientes. Os atendentes também receberam kit com máscara de TNT e produto para higienização das mãos. Nas seções onde há contato entre funcionários e consumidores, como padaria e açougue, os atendentes também usam máscaras.
— Inicialmente, distribuímos entre os funcionários as máscaras de pano, mas a adaptação não foi tão boa. Então, encomendamos de uma empresa de Porto Alegre as máscaras de TNT — explica Dilson Martinez Laguna, gerente da loja da Asun na Avenida Plínio Brasil Milano, na Capital.
De acordo com o infectologista Luciano Goldani, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, os EPIs são importantes para zelar pela saúde de atendentes e clientes em meio à pandemia. Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenha recomendado a máscara cirúrgica apenas a médicos, cuidadores e pessoas sob suspeita de coronavírus por temer escassez no mercado, tecnicamente estas são as melhores alternativas de proteção, afirma o especialista.
— Há uma lógica em proteger com máscaras quem tem contato com outras pessoas, desde que se tenha orientações claras de limpeza e substituição adequada desses materiais — condiciona Goldani.
Os face shields são utilizados principalmente como uma primeira barreira para profissionais de saúde em procedimentos cirúrgicos e nas UTIs, mas sua eficácia para evitar o contágio por coronavírus é maior se houver uma segunda barreira, com máscara de TNT, gorro e luvas.
— Ela bloqueia as gotículas maiores, mas pode não ser muito eficaz para evitar que as gotículas menores entrem por baixo ou por cima da máscara, então, é importante manter a distância social recomendada de pelo menos um metro e meio — recomenda Goldani.