Pelotas, no sul do Estado, adotou uma estratégia para isolar atendimentos de casos de coronavírus em hospitais específicos da cidade. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta sexta-feira (17), a prefeita Paula Mascarenhas explicou a ideia de centralizar o tratamento da doença em três locais, e deixar outras instituições públicas e privadas focadas em outras enfermidades, para evitar o contágio em ambientes hospitalares.
– Nossa ideia era construir uma única rede de saúde, entre pública e privada. Não é fácil, isso é algo inédito. Não conseguimos exatamente fazer isso, mas conseguimos separar os hospitais – disse ela.
O Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) é considerado referência do Sistema Único de Saúde (SUS) aos pacientes com coronavírus. A estrutura recebeu adequações para ampliar o atendimento.
O prédio da Santa Casa também foi isolado e poderá receber pacientes do SUS e ainda tratar pessoas contaminadas que têm convênio em uma ala específica, que passou por reformas. Junto com esses dois hospitais, o hospital de campanha, que foi montado dentro do ginásio do Sesi, poderá receber em breve pacientes que não estejam em estado de gravidade.
Também foi criado o Centro de Atendimentos a Síndromes Gripais, que terá leitos específicos para pacientes contaminados.
– Claro que se houver uma progressão muito grande da pandemia aqui, os pacientes não vão ficar sem atendimento, obviamente vamos mudar a estratégia. Mas se ela funcionar bem em um primeiro momento, o resultado vai ser positivo – pontuou a prefeita.
Com isso, segundo a prefeita, a cidade contará com 30 leitos de enfermaria e de UTI no Centro de Atendimento a Síndromes Gripais e outros 159 de enfermaria no hospital de campanha. Desta forma, serão 22 leitos de UTI distribuídos entre o Centro, o Hospital-Escola/UFPel e a Santa Casa. Também há a expectativa pela chegada dos 20 respiradores prometidos pelo Ministério da Saúde, o que ampliaria ainda mais o número de leitos de terapia intensiva.
Outros hospitais de Pelotas como o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HU-UCPel) e Beneficência Portuguesa irão receber outros tipos de atendimento, possibilitando continuarem com suas rotinas normais e diminuindo as possibilidades de contágio. A estratégia visa também a utilização destes espaços, em caso de aumento nos casos de coronavírus.
– O objetivo é preservar as equipes médicas e o pacientes que têm outras enfermidades. O hospital é um foco, é um local de muito risco de contágio. Se conseguirmos organizar isso em um primeiro momento, nós vamos ter um resultado positivo –ponderou.
Ouça a entrevista completa:
Além da cidade, que tem 340 mil habitantes, Pelotas é referência em saúde para cerca de 500 mil pessoas de outros municípios da região. Em reunião na Associação dos Prefeitos da Zona Sul (Azonasul), a dificuldade de leitos no sul do Estado foi um dos assuntos debatidos. As próximas semanas irão servir para adequações.
Na quinta-feira (16), a prefeitura decidiu não utilizar a brecha aberta pelo decreto do governador Eduardo Leite para flexibilizar as restrições à atividade econômica e estendeu por mais uma semana o fechamento do comércio local.