O ritmo de avanço da covid-19 nas UTIs de Porto Alegre diminuiu ao longo da última semana e aliviou, ainda que temporariamente, a pressão sobre os leitos destinados a receber pacientes graves na Capital.
Até as 12h30min desta quarta-feira (15), os doentes com coronavírus ou à espera de resultado do teste ocupavam 10% das vagas – um ponto percentual a menos do que uma semana atrás. O freio no número de casos confirmados ou suspeitos é atribuído ao distanciamento social.
O fator mais importante para este resultado, na avaliação do diretor de Atenção Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), João Marcelo Lopes Fonseca, é a redução da mobilidade social adotada de forma precoce, desde a segunda quinzena de março.
— Até o momento, o que nos dá um certo alívio é que, graças ao distanciamento social que colocamos em prática lá no início (da chegada da pandemia à Capital), conseguimos reduzir a curva de casos nas UTIs. Ao longo dos últimos sete dias, essa curva se achatou ainda mais — afirma Fonseca.
Uma semana atrás, havia 56 casos positivos ou em análise nas unidades de terapia intensiva de Porto Alegre. No começo da tarde desta quarta, quando GaúchaZH realizou o levantamento dos dados (alguns hospitais ainda não haviam informado os números do dia), a cifra estava em 54 — com 40 exames confirmados e 14 suspeitas.
A redução de 3,6% se torna expressiva se for comparada ao cenário verificado na semana entre 25 de março e 1º de abril, quando o número de doentes relacionados ao coronavírus nas UTIs havia disparado 107%. Se houvesse se mantido o mesmo ritmo, o sistema de saúde da Capital poderia ficar sobrecarregado ainda neste mês. Em vez disso, na semana seguinte a quantidade de registros se estabilizou e, agora, essa tendência se intensificou. Se a curva atual fosse mantida, seria possível evitar o esgotamento.
Outro fator que contribuiu para a relativa tranquilidade nos hospitais foi a ampliação no universo de leitos operacionais de 525 para 530 (até o horário pesquisado), o que também ajuda a diluir a taxa de ocupação. Novos espaços devem ser entregues nas próximas semanas em instituições como o Hospital de Clínicas, que prevê 105 novas vagas.
O Hospital Moinhos de Vento segue com a maior concentração de registros, com 15 confirmações. Nas UTIs pediátricas, a cidade contabilizava um caso confirmado no Hospital de Clínicas — mesma situação de uma semana antes — e outro ainda sob suspeita no Conceição.
O diretor da SMS alerta a população que, apesar do alívio na ocupação das UTIs neste momento, sempre há o risco de a curva de novos doentes voltar a subir. Por isso, é fundamental manter as precauções recomendadas pela Organização Mundial da Saúde e, sempre que possível, permanecer em casa.