O número de pacientes com diagnóstico confirmado ou suspeita de covid-19 em leitos de UTI se manteve estável ao longo da última semana em Porto Alegre, o que contribui para adiar eventual sobrecarga no sistema de saúde e dar mais tempo aos gestores para ampliar a rede de atendimento. A proporção de casos relacionados ao coronavírus em relação ao total de vagas permaneceu em 11%, com 59 registros até as 12h30min desta quarta-feira (8) — apenas um a mais na comparação com o mesmo dia da semana passada.
A quantidade de internados com exames positivos aumentou 48% nesse mesmo período e chegou a 37 doentes, mas, como houve queda de 35% no registro de ocorrências suspeitas, de 34 para 22, a soma dos leitos destinados ao manejo da pandemia praticamente não cresceu.
Na semana anterior, entre os dias 25 de março e 1º de abril, o avanço da covid-19 sobre as instalações de tratamento intensivo havia sido significativo na Capital — quando a cifra de pessoas testadas ou com possibilidade de ter contraído o vírus saltou 107% e passou de 28 para 58. Se tivesse se mantido a mesma tendência ascendente nos sete dias seguintes, agora poderia haver 120 pacientes vinculados ao coronavírus nos 525 leitos operacionais de UTI tabulados no painel informatizado da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) disponível para consulta via internet.
Isso corresponderia a uma ocupação de quase um quinto da estrutura hospitalar. O número também equivaleria a quase o total de leitos que permaneciam liberados até o começo da tarde desta quarta, quando o sistema indicava 366 vagas ocupadas e 159 liberadas.
Para o diretor geral de Regulação da SMS, Jorge Osório, a estatística reflete o impacto do distanciamento social adotado nas últimas semanas na Capital.
— Sem dúvida, essa estabilidade, mesmo que momentânea, é uma boa notícia para viabilizar a expansão da capacidade instalada na cidade e demais regiões do Estado. O isolamento social está funcionando neste sentido — avalia Osório.
Nesse intervalo, por exemplo, o Hospital de Clínicas apresentou 10 leitos do novo Centro de Terapia Intensiva (CTI), que poderá ser ampliado em até 105 lugares futuramente. Outra instituição tradicional da cidade, o Hospital Mãe de Deus, finaliza a entrega de mais 10 vagas para cuidados intensivos prevista para a próxima quarta.
Mesmo a subida de 48% na quantidade de doentes com diagnóstico confirmado nas UTIs não é uma notícia inteiramente ruim. Na semana anterior, o crescimento havia mais do que triplicado, passando de sete para 25 pacientes. O Hospital Moinhos de Vento, onde se encontram 15 dos pessoas com teste positivo e outras quatro aguardando resultado, segue como a instituição de saúde com maior demanda por leitos (66% de lotação nas 56 vagas de UTI contabilizando-se todas as doenças). Em segundo lugar vem o Clínicas, com 10 confirmações, nenhuma suspeita, e 61% de ocupação das 65 vagas habilitadas.
As unidades infantis de tratamento intensivo, que anotavam três casos suspeitos até a semana passada, até o final da manhã desta quarta registravam um caso positivo no Hospital de Clínicas e outros quatro sob análise.