Um estudo publicado por cientistas da Universidade de Wuhan, na China, descobriu que as características aerodinâmicas do coronavírus permitem a disseminação da doença pelo ar em locais onde houve grande aglomeração de infectados. O trabalho foi publicado nesta segunda-feira (27) na revista Nature, um dos periódicos científicos mais famosos do mundo.
O estudo, que foi concluído em 14 de março, é assinado por 16 cientistas chineses e usou o monitoramento ambiental de dois hospitais, um deles de campanha, onde foram tratados pacientes com a covid-19, além de áreas vizinhas e eles. Segundo os cientistas, o vírus SARS-Cov-2 foi medido em aerossol em locais com níveis diferentes de aglomeração, de ventilação e de higienização.
Os banheiros dos hospitais e os lugares em que havia troca de equipamentos — por consequência, com maior aglomeração — foram as áreas onde se detectou maior presença do RNA (material genético) do vírus. Entretanto, quando essas áreas eram higienizadas com maior frequência, essa presença se reduzia.
O estudo também afirma que o SARS-Cov-2 pode manter a sua estabilidade no aerossol e em diferentes superfícies por horas ou dias. Não é possível afirmar, entretanto, se o vírus mantém a sua capacidade de infectar pessoas na transmissão pelo ar da mesma forma que nas gotículas ou no contato do corpo humano.
"O estudo tem limitações, devido à sua pequena amostra e a representação do material genético em vez da infectividade. Entretanto, o que encontramos é a primeira investigação no mundo real das características aerodinâmicas da SARS-Cov-2. Chamamos atenção para 1) a ventilação e a esterilização de banheiros, que podem ser uma potencial fonte do vírus; 2) as medidas de proteção individual para o grande público, como máscaras e evitar algomerações; 3) a efetiva higienização das áreas de alto risco em hospitais para limitar a transmissão e proteger a equipe médica; 4) a efetividade de grandes áreas ventiladas para limitar a transmissão por aerossol do SARS-COV-2 quando há a necessidade de hospitais de campanha para quarentena e tratamento; 5) higienização das superfícies antes de elas serem desmontadas para reduzir o potencial de risco das equipes de saúde", conclui o estudo.