Além do avanço do coronavírus, outra doença preocupa as autoridades de saúde do Rio Grande do Sul. Os casos de dengue mais do que dobraram entre 29 de dezembro de 2019 (início do calendário epidemiológico) e 21 de março de 2020, em comparação com igual intervalo do ano passado. O Estado já registra o período com o terceiro maior número de infectados dos últimos 10 anos, conforme dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Segundo o último boletim epidemiológico, o Rio Grande do Sul tem 410 casos da doença, sendo 340 autóctones, ou seja, contraídos na cidade onde a pessoa reside. Setenta são importados. Outros 479 casos foram notificados e estão sob investigação.
Até a mesma semana do ano passado, o Estado tinha 126 casos confirmados. Na comparação, o aumento em 2020 é de 225%. Em 2018, não houve nenhum caso contraído no Rio Grande do Sul. Na década, o primeiro trimestre de 2020 só tem menos ocorrências da doença do que 2010 e 2016, anos em que a dengue mais avançou no Estado.
A região mais afetada por casos autóctones de dengue no Rio Grande do Sul é a Noroeste. O Estado não divulga o número de infectados por município, apenas as cidades de referência, onde há sede da coordenadoria de saúde. As áreas com mais casos confirmados são as de Palmeira das Missões (93 pacientes), Santo Ângelo (87) e Santa Rosa (82).
De acordo com a Secretaria da Saúde, 386 municípios gaúchos são considerados infestados pelo Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue – o maior número dos últimos 20 anos. Em 2000, eram 14 cidades com relatos da presença do mosquito. Em 2010, passou para 62. A elevação significativa começou em 2013, quando pulou para 118 municípios infestados.
Falta de cuidado pode ser o motivo
Cátia Favreto, responsável pelo setor de arboviroses (doenças transmitidas por insetos e aracnídeos) do Cevs, afirma que a falta de cuidado com a água parada é o possível causador do aumento da doença. Ela ponderou que desde 2017 a dengue vinha em queda no Estado, o que pode ter feito as pessoas relaxarem a preocupação.
— A recomendação é sempre a limpeza. Não descuidar da casa, do pátio, dos locais públicos. Cuidar da limpeza contra o mosquito é essencial — lembrou Cátia.
A especialista ainda comentou a preocupação com o aumento dos casos de dengue em um ano em que o mundo vive a pandemia de coronavírus:
— É preocupante porque um caso de dengue pode vir a precisar de um leito hospitalar. A demanda está grande já pelo coronavírus, e esse outro vírus circulante pode ocupar ainda mais nosso sistema de saúde.
Os sintomas da dengue incluem febre alta e dores no corpo, articular, de cabeça e atrás dos olhos, além de manchas pelo corpo em alguns casos.