Academias fechadas e a recomendação de ficar em casa: esse é o cenário imposto pela propagação do coronavírus no Brasil. No entanto, há algumas pessoas que têm, como prescrição médica, justamente a prática de exercícios para controlar certas doenças. É o caso dos diabéticos, que além de precisarem de atividades físicas regulares, ainda estão no grupo de risco da covid-19.
Apesa de paradoxal, João Eduardo Salles, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes e professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, reforça que, no momento, não há orientação nenhuma para que as pessoas saiam às ruas para se exercitar.
– Os pacientes não podem ficar fazendo caminhadas na rua. É temerário pela disseminação do vírus por aerossol. É para ficar em casa mesmo.
No caso dos diabéticos, diz Salles, eles são orientados a praticar tanto atividades aeróbicas quanto resistidas, como a musculação. Porém, no contexto atual, na impossibilidade de fazer as duas, a indicação é apostar nos exercícios de força.
– Ele pode fazer casa, usando garrafas pet, usando sacos de arroz ou feijão. Pode pedir orientações por WhatsApp para o professor de educação física que o acompanha. Tem que continuar tratando a doença, mas de acordo com a nova realidade, que é de restrição – defende.
O médico destaca, ainda, que neste período cresce a importância do controle da doença, pois o risco é maior nas pessoas que estão com o diabetes descontrolado.
– Nunca foi tão importante medir a glicemia constantemente. O paciente precisa saber se está no ritmo certo ou não, e estar sempre em contato com o seu médico – orienta.
Adapte o treino
Com o isolamento, é natural que aumente a ansiedade e, consequentemente, a ingestão calórica. Dessa forma, cresce a importância de manter uma rotina de exercícios, que vão beneficiar desde a saúde física até a mental.
Para não perder o ritmo, especialmente no caso dos diabéticos, a professora de educação física Roberta Ortega sugere alguns exercícios básicos, como subir e descer escadas.
– É uma excelente alternativa aeróbica. Pode-se fazer duas vezes por dia, por 20 minutos, focando mais nas subidas. Quem não tiver escada ou não puder sair do apartamento pode fazer um circuito aeróbico dentro de casa – diz.
Para isso, recomenda, deve-se fazer 40 segundos de um exercício, intercalando com 20 segundos de descanso, por 20 ou 30 minutos.
– Dá para fazer polichinelo, dar saltinhos, desde que tenha segurança para isso, agachamentos. O que precisa é que a frequência aumente. Se a pessoa já tem certo condicionamento, pode fazer a mesma coisa, com intensidade maior ou acrescentando pesos, como garrafas ou sacos de alimentos.
Uma dica para avaliar a intensidade do treino, além da verificação dos batimentos, é definir, em uma escala de zero a 10, o nível de cansaço. Segundo Roberta, o ideal é se manter em um nível entre sete e 8,5. Mais do que esse nível pode provocar exaustão e prejudicar a imunidade.
Outra saída duplamente benéfica é apostar nas atividades domésticas habituais, fala a personal trainer Renata Pereira. Varrer a casa, estender roupas e tirar o pó são alternativas para manter o corpo ativo e a casa limpa.
– É preciso criar uma rotina para não ficar muito tempo no sofá. Também dá para, a cada meia hora, fazer caminhadas de um lado para o outro, ou sentar e levantar da cadeira, se a pessoa não tiver problemas físicos, claro – ensina Renata.
Quem optar por treinos online, que estão sendo oferecidos por aplicativos ou redes sociais, deve escolher os profissionais que já conhece ou que lhes foram recomendados, destaca Renata. Pessoas que já têm acompanhamento profissional, devem manter a rotina, mesmo que através do treinamento pela internet.