O aumento no número de casos conhecidos do novo coronavírus no país, repetindo o quadro observado em outras nações, não deixa dúvida: o contágio é acelerado e a quantidade real de pessoas que neste momento portam o vírus pode ser muito maior, admitiu o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Estudos também mostram que a maior parte das transmissões ocorre por meio de indivíduos que não apresentam sintomas. Esse é um importantíssimo sinal de alerta. Por isso, é dever de cada cidadão se recolher.
Permanecer em seu domicílio e evitar contato com outras pessoas é o grande trunfo para impedir que esse insidioso agente infeccioso continue circulando
No atual estágio da pandemia de coronavírus no Brasil, e particularmente no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, a melhor prevenção para que não ocorra uma tragédia de enormes dimensões entre os gaúchos é simplesmente só sair de casa quando for absolutamente necessário. Ou seja, permanecer em seu domicílio e evitar ao máximo contato com outras pessoas é o grande trunfo à mão da população para impedir que esse insidioso agente infeccioso continue circulando, contaminando e deixando vítimas fatais. É preciso cortar esse elo. Sem o vetor humano, como demonstra a experiência chinesa, ele não se multiplica e tende a desaparecer.
No Brasil, por enquanto, não há determinação de um lockdown a exemplo de cidades chinesas, da Europa e agora da Argentina. No país vizinho, foi declarada uma quarentena absoluta que entrou em vigor na sexta-feira. Talvez seja a próxima medida das autoridades brasileiras, em Estados e municípios. Mas, enquanto isso, é preciso que todos os gaúchos tenham clara consciência de sua responsabilidade. Só devem sair de casa os trabalhadores em serviços essenciais, como saúde, segurança, transporte, energia, comunicação, além do comércio básico, como supermercados e farmácias. Todo o resto da população deve procurar se resguardar, sobretudo as pessoas de mais idade, expostas a um risco de complicações mais graves. Cada indivíduo que seguir essa orientação poderá estar salvando outros do contágio. E esses outros, se permanecerem reclusos, estarão retribuindo um gesto capaz de evitar uma multiplicação maior dos casos e, assim, salvar muitas vidas.
Vêm em boa hora as medidas limitadoras de atividades e deslocamentos anunciadas pelos governos federal, estaduais e municipais, mas, sem a responsabilidade individual seguida à risca – e a fiscalização de todos os cidadãos – o vírus seguirá em sua trajetória ascendente. Quanto mais tempo cada um postergar a adoção de atitudes e medidas restritivas individuais, mais profundos e extensos serão os prejuízos humanos. A rede de saúde, de qualquer cidade ou Estado do país, tem suas limitações. O desprendimento de cada um será decisivo para conter o ritmo de avanço do coronavírus nas próximas semanas e, assim, evitar um colapso nos hospitais potencializando o número de vítimas, sem distinção de classe. Como lembram os estudiosos de temas ligados à epidemiologia, é preciso achatar essa curva. Por tudo isso, fique em casa.