O número de pessoas mortas por coronavírus ultrapassou a marca de mil. De acordo com novo boletim divulgado na madrugada desta terça-feira (11), são 1.011 mortos apenas na China. Até agora, mais de 42,5 mil indivíduos em 24 países foram diagnosticados com coronavírus. O saldo aumentou após a comissão de saúde de Hubei anunciar 103 novas vítimas fatais na província que é epicentro da doença.
O Brasil segue sem caso confirmado de coronavírus e o número de suspeitos caiu de 12 para sete, anunciou na tarde desta segunda-feira (10) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. No Rio Grande do Sul, os casos investigados diminuíram de três para um.
O ministro pontuou que, apesar de não haver casos no Brasil, o governo segue em alerta porque o cenário pode mudar.
As duas suspeitas descartadas no Rio Grande do Sul são de uma criança residente na China, atendida em Morro Reuter, e de um homem que mora em Canoas e viajou ao país asiático. Segue sob suspeita uma mulher de 56 anos que mora em Porto Alegre e visitou a China, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Ela apresenta quadro leve e foi orientada a manter tratamento e isolamento em casa.
No Brasil, as outras suspeitas são em Minas Gerais (um), Rio de Janeiro (um), São Paulo (três) e Paraná (um).
O coronavírus, apesar de despertar grande preocupação mundo afora, é menos letal do que outras doenças que atingem brasileiros. A dengue, por exemplo, afetou quase 60 mil pessoas e matou nove só nos primeiros 25 dias do ano. O sarampo, que voltou após pais deixarem de vacinar os filhos, atingiu mais de 18 mil pessoas em 2019. Não houve nenhum caso no Brasil de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) ou Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês). Os dados são do Ministério da Saúde.
A OMS afirmou no último sábado (8) que o número de casos de contaminação diária na China se estabilizou, mas que ainda é cedo demais para dizer que a epidemia superou seu auge.
O médico Drauzio Varella, colunista de GaúchaZH, declarou, em entrevista exclusiva, que não está "nem um pouco assustado" com o coronavírus. Uma das justificativas é que o sistema de atendimento de saúde na China é mais precário do que em outros países, incluindo o Brasil. Outra é o consumo de cigarro, que é menor por aqui.
— A velocidade de disseminação é rápida, os números vão aumentando muito rapidamente, porém a mortalidade é baixa. A maioria desses casos você não consegue nem diferenciar de um resfriado comum. E quase toda a mortalidade é na China. Você não sabe que tipo de atendimento essas pessoas tiveram, se procuraram hospital, se não procuraram, em que hospitais foram tratadas. A China não tem um serviço hospitalar maravilhoso — afirmou Drauzio.
Em Hong Kong, os turistas confinados a bordo do cruzeiro World Dreams durante cinco dias foram autorizados a desembarcar no domingo.
Estudo publicado na última sexta-feira (7) apontou que quase metade das infecções iniciais por coronavírus foram em um único hospital de Wuhan, na China, segundo informações da CNN. As contaminações não teriam sido causadas por um único paciente, e sim por vários profissionais da saúde e pacientes infectados em diferentes alas do hospital.
Saiba mais sobre o coronavírus
De que forma surgiu o surto atual?
A origem ainda não está elucidada. Acredita-se que a fonte primária do vírus seja animal, provavelmente oriunda de um mercado de frutos do mar e animais selvagens vivos – como morcegos – em Wuhan.
A transmissão do coronavírus acontece entre humanos?
Sim. Alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa para pessoa pelo ar, por meio de tosse ou espirro; pelo toque ou aperto de mão; ou pelo contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido do contato com a boca, o nariz ou os olhos. Contudo, ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa.
O que faz
Quais são os sintomas de uma pessoa infectada pelo novo coronavírus?
Os sintomas incluem febre, tosse e dificuldade respiratória. De acordo com a OMS, a maioria dos infectados com o novo coronavírus desenvolve sintomas semelhantes aos da gripe e cerca de 20% progridem para doenças mais graves, como pneumonia e insuficiência respiratória. Crianças pequenas, pessoas com mais de 60 anos e pacientes com condições que comprometem a imunidade estão mais suscetíveis a manifestações mais graves.
Qual é a letalidade do novo coronavírus?
A estimativa inicial é de que a letalidade seja de 2% a 3%, ou seja: a doença mataria em torno de três pessoas a cada cem infectadas. Esse índice é inferior aos registrados em outros dois coronavírus, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês). A epidemia de Sars registrou 774 óbitos em todo o mundo, com 8.096 casos entre 2002 e 2003. A taxa de letalidade foi de 9,5%. Já a epidemia de Mers notificou 858 óbitos dos 2.494 casos registrados em 2012, demonstrando uma taxa de letalidade de 34,4%.
Como se proteger
Existe um tratamento para o novo coronavírus?
Não há um medicamento específico. Aos pacientes infectados, indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade, com pneumonia e insuficiência respiratória, podem ser necessários suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica.
Posso tomar um antibiótico para prevenir contra o novo coronavírus?
Não. Antibióticos não são indicados nem para prevenção nem para tratamento, pois não agem contra vírus, somente bactérias.
Existe uma vacina para o novo coronavírus?
Como a doença é nova, não há vacina até o momento. Contudo, as autoridades chinesas divulgaram seu código genético rapidamente e laboratórios já estão estudando como criar uma imunização aplicável em escala global. Cientistas esperam ter uma vacina pronta para testar em humanos no início de junho.
Tomei a vacina contra a gripe. Estou protegido contra o novo coronavírus?
Não. A vacina da gripe protege somente contra o vírus influenza.
Como reduzir o risco de infecção pelo novo coronavírus?
- Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas.
- Lavar frequentemente as mãos por pelo menos 20 segundos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o ambiente em que elas estiveram, e antes de se alimentar. Se não tiver água e sabão, use álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível.
- Usar lenço descartável para higiene nasal.
- Cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir.
- Evitar tocar nas mucosas dos olhos.
- Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- Manter os ambientes bem ventilados;
- Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Qual é a orientação diante da detecção de um caso suspeito?
Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Pacientes devem utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantidos preferencialmente em quarto privativo. Qualquer pessoa que entrar no quarto de isolamento ou em contato com o caso suspeito deve utilizar equipamentos de proteção individual, preferencialmente máscara N95, nas exposições por um tempo mais prolongado, ou então máscara cirúrgica, em exposições eventuais de baixo risco. Além disso, recomenda-se o uso de protetor ocular ou protetor de face, luvas e capote/avental. Todo caso que se enquadrar na definição de suspeito para o novo coronavírus deve ser notificado o mais rápido possível para as autoridades de saúde.
*Com informações de agências