Mais de 2,8 mil mortes, 82,5 mil casos e uma taxa geral de mortalidade de 2,3%. Esses são os números do coronavírus que preocupam autoridades de saúde mundiais.
Embora considerado baixo se comparado ao de outros vírus, o índice de mortes causadas pelo covid-19, nome científico do coronavírus, inquieta infectologistas. Em idosos com mais de 80 anos, o percentual chega a 14,8%, caindo para 8% em pacientes entre 70 e 79 anos, de acordo com o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CCDC).
– A letalidade não é alta, mas preocupante. Essas viroses de baixa letalidade tendem a se espalhar mais porque a pessoa contaminada a transmite por mais tempo. Ela continua suas atividades, espalhando mais a doença. No caso de doenças que debilitam rapidamente, o paciente para de circular rapidamente e, assim, de transmiti-la – afirma Alexadre Zavascki, chefe do serviço de infectologia do Hospital Moinhos de Vento.
Pelos índices gerais, porém, os parentes do covid-19 têm percentuais de mortalidade bem mais altos. Na sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), causa de surto na Ásia em 2003, foi de quase 10%. Ainda mais grave, a mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), surgida na Arábia Saudita em 2012, apresenta taxa superior a 34%.
Já pela literatura internacional, as gripes aparecem com percentuais menores, segundo o médico infectologista do Controle de Infecção da Santa Casa, Claudio Stadnik. De 0,5% na gripe comum (H3N3) e de 1% na suína (H1N1).
– Mesmo com mortalidade, em um surto com grande quantidade de casos, como o coronavírus, há grande quantidade de mortes, também. Por isso, esses 2,3% preocupam bastante – diz Stadnik.
Para o médico, também impressiona o elevado grau de internações provocadas pela doença. Entre 10% e 15% dos episódios, os contaminados tiveram de recorrer a leitos hospitalares. Pesquisa do CCDC apontou como leves 80,9% das novas infecções por coronavírus, 13,8% como graves e apenas 4,7% como críticas.
Outras doenças
No país, outras doenças mais conhecidas do que o covid-19 ainda causam números expressivos de mortes. É o caso da H1N1, causa de surto semelhante ao atual há uma década.
Em 2019, o país teve 3.430 casos de H1N1, sendo que 796 levaram à morte, de acordo com o Ministério da Saúde. Por uma conta simples, o índice de óbitos causados pela doença no país, no ano passado, foi de 23%. Especialistas alertam, contudo, que se trata de um índice irreal, uma vez que, atualmente, as autoridades notificam apenas os pacientes graves.
– É difícil comparar com outros vírus porque, no início de uma epidemia, se consegue detectar todos os casos. Isso também aconteceu no H1N1. Depois, os casos notificados acabam sendo somente os que são internados – esclarece Fabiano Ramos, chefe do serviço de infectologia do Hospital São Lucas da PUCRS.
Pelas médias estimadas por pesquisadores, uma pessoa infectada por covid-19 transmite o vírus para duas ou três pessoas, o que o torna uma doença altamente contagiosa.
– Por ser um vírus novo, ninguém tem imunidade. Isso faz com que toda população mundial corra o risco de pegar coronavírus – alerta Stadnik.