Causou espanto a notícia, na última sexta-feira (24), de que o governo chinês construiria em apenas 10 dias um hospital em Wuhan para vítimas do coronavírus, que virou epidemia e tem como epicentro a cidade de 11 milhões de habitantes no centro do país.
Afinal, até para os padrões chineses de celeridade em obras, levantar um hospital e deixá-lo em funcionamento neste prazo não é algo trivial. Não demorou muito para que imagens de dezenas de tratores terraplanando o terreno viralizassem.
Junto com o espanto veio a dúvida: vão conseguir fazer isso no prazo e entregar a obra na próxima segunda (3)? Para mostrar que não é brincadeira, o governo chinês, via CGTN (China Global Television Network, grupo de canais de TV estatal), colocou uma câmera para transmitir a construção 24 horas (assista acima).
Wuhan foi escolhida para abrigar o hospital por ser a grande cidade com maior número casos, o que fez as autoridades chinesas determinarem o seu isolamento.
No post realizado pela CGTN nas redes sociais, foi informado que os dois hospitais que estão sendo construídos em Wuhan ofertarão até 2,600 leitos. O primeiro, com capacidade de receber entre 700 a 1,000 pacientes, deve ser colocado em uso até a próxima segunda-feira. A expectativa é de que a segunda casa hospitalar, com capacidade maior, de até 1,600 leitos, também deve estar pronto para receber doentes ao longo da próxima semana.
Na última segunda (27), o prefeito da cidade, Zhou Xianwang, pediu demissão porque escondeu dados sobre a doença. Ele confirmou que 5 milhões de pessoas (ou seja, quase metade da população local) deixaram a cidade antes de ser isolada.
O número de mortos na China pelo surto de coronavírus foi atualizado para 170 nesta quinta-feira (30) e o número de casos confirmados aproxima-se de 7,7 mil em todo o mundo. O Brasil tem ao menos nove casos de suspeita.
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. A metrópole de 11 milhões de habitantes está isolada. Trens e voos foram interrompidos e detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle e, para sair da cidade, o transporte não pode ser feito de carro. Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações do Ano-Novo Lunar chinês na cidade. As autoridades também proibiram qualquer espetáculo e fecharam um museu.
Como surgiu?
O Centro para Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC), equivalente dos Estados Unidos à Anvisa, identifica um grande mercado atacadista de peixes e frutos do mar na cidade de Wuhan como a origem das infecções.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido mais facilmente. Conforme o CDC, pessoas mais velhas parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Por que o nome coronavírus?
Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola. Em inglês, coroa é "crown".