Os dois primeiros casos de coronavírus na Europa foram confirmados na França, anunciou nesta sexta-feira (24) a ministra da Saúde francesa, Agnes Buzyn, destacando que é possível que haja "outros casos". De acordo com a governante, as duas pessoas infetadas com o coronavírus estiveram recentemente na China.
O novo vírus, que causa pneumonias, foi detectado na China no final de 2019 e já provocou a morte de 26 pessoas. No território continental chinês, há registro de mais de 800 pessoas infectadas e cerca de mil casos suspeitos, tendo sido detectados outros casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Vietnã, Nepal, Coreia do Sul, Japão, França e Estados Unidos.
As autoridades chinesas consideram que o país está no ponto "mais crítico" no que toca à prevenção e controle do vírus e colocaram em quarentena, impedindo entradas e saídas, três cidades onde vivem mais de 18 milhões de pessoas: Wuhan e as vizinhas Huanggang e Ezhou.
Em um esforço para tentar travar a propagação, a China cancelou também as comemorações do Ano Novo chinês em várias localidades, incluindo a capital, Pequim.
O Comité de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS), reunido terça (21) e quarta-feira (22), em Genebra, na Suíça, optou por não declarar emergência de saúde pública internacional, receando que seja demasiado cedo, embora reconheça que há esse risco.
Quais são os níveis de alerta?*
O comitê de operações de emergência no Brasil está em nível 1. Entenda as variações:
- Nível zero: monitoramento diário junto à OMS.
- Nível 1: esfera local não tem todos os recursos necessários para responder à emergência e precisa de ajuda (estadual ou federal).
- Nível 2: risco significativo a ponto de superar a capacidade de resposta do Executivo municipal ou estadual. É preciso mobilizar recursos adicionais do governo federal.
- Nível 3: ameaça de relevância nacional com impacto sobre diferentes esferas de gestão do SUS, o que exige ampla resposta. Situação de excepcional gravidade, pode culminar na Declaração de Emergência Saúde Pública Nacional (Espin).
*Informações do Ministério da Saúde.
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
O vírus é transmitido facilmente?
David Heymann, da OMS, afirmou que a transmissão é mais fácil do que se pensava, informou a rede de televisão norte-americana CNN. Antes, imaginava-se que era apenas por contato entre saliva e mucosa. Agora, as evidências apontam que o vírus passa de forma mais distante, como quando alguém tosse no rosto de outra pessoa. No entanto, ele destacou que não há evidências de que o vírus se espalhe pelo ar, dentro de um cômodo, como é o caso da gripe.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China.
Como surgiu?
A origem possível é um mercado de peixes e frutos do mar. Um estudo apontou que o hospedeiro inicial pode ser morcegos, mas que há possibilidade de existir outro animal como hospedeiro intermediário.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido. Segundo o CDC, pessoas mais velhas e doentes parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Preciso me preocupar com a chegada do vírus ao Brasil?
Segundo o Ministério da Saúde, não há caso suspeito no Brasil. No Rio Grande do Sul, um possível caso foi descartado. Não há transmissão fora da China.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da UFRGS, o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Por que o nome coronavírus?
Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola. Em inglês, coroa é "crown".