Quase um ano após o surto de toxoplasmose ser considerado encerrado em Santa Maria - o que aconteceu em novembro de 2018 - , o município ainda conta com uma "média mensal alta" de casos da doença. A afirmação é do superintendente da Vigilância em Saúde do município, Alexandre Streb. Conforme levantamento feito pelo setor a pedido de GaúchaZH, a média mensal depois do surto - levando em conta dados de janeiro a setembro deste ano - é de 7,4 casos. Durante o surto - de janeiro a novembro de 2018 -, a média era de 82 registros por mês. Conforme Streb, os números "ainda são preocupantes":
— Embora tenha essa redução, a média de sete casos por mês ainda consideramos muito alta. É uma situação endêmica, mas ainda assim preocupante. Antes do surto, tínhamos uma média de três casos registrados por mês e era considerado um número normal na cidade. Agora, temos mais que o dobro. As notificações começaram a chegar mais, acredito que pela sensibilização da população, que ficou mais atenta aos sintomas e também pela nossa solicitação aos estabelecimentos de saúde e laboratórios, para que nos notificassem sobre o surgimento de novos casos — declarou Streb.
O superintendente da Vigilância em Saúde reforça que, desde o surto, o setor reforçou as fiscalizações em diferentes áreas que podem ser possíveis fontes de contaminação da doença. Ele cita a intensificação do monitoramento na rede de abastecimento de água, na fiscalização do setor de hortaliças do município, assim como na comercialização de carnes.
Quanto às medidas de prevenção e recomendações à população, principalmente às gestantes, Streb é enfático ao dizer que o município ainda aguarda uma orientação do Estado sobre a questão. Mesmo assim, ele recomenda que gestantes mantenham cuidados como ferver a água antes de tomá-la:
— A orientação que passamos, com base nos laudos que são repassados pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), é que a água está regular. Mas orientamos que, pelo menos, as gestantes mantenham o cuidado durante a gestação de fazer a fervura e a filtragem da água. Além disso, é importante que só comam carne de procedência, bem cozidas ou assadas e lavem bem as verduras antes de ingeri-las.
A reportagem contatou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) que, por meio de nota, informou que "neste momento, caso a água consumida seja água tratada pela companhia de abastecimento, não há orientação para a necessidade de fervura". A SES acrescenta que "as recomendações feitas na época (do surto) são permanentes para evitar contaminação da água de consumo". É citada, por exemplo, a importância da limpeza regular de caixas d'água. A nota diz ainda que as gestantes precisam de cuidados extras como "não consumir alimentos crus, evitar o contato com fezes de gato no lixo ou no solo", entre outras questões.
No ano passado, o surto foi considerado encerrado sem a oficialização da causa definitiva para o aumento expressivo no número de casos da doença na cidade. A principal suspeita, conforme as autoridades de saúde (prefeitura, Estado e Ministério da Saúde), é a água. Contudo, não há uma precisão quanto ao momento ou local (fonte específica) em que se deu a contaminação.
— O surto teve uma causa única, embora não se tenha uma definição clara da transmissão. Temos estudos epidemiológicos que apontam para a água do abastecimento. Só não se sabe em que momento houve essa contaminação — concluiu Streb.