Desde o início do surto de toxoplasmose em Santa Maria, região central do Estado, uma das maiores preocupações das autoridades de saúde é com gestantes e bebês. O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) se tornou referência para tratar tanto crianças quanto grávidas. Logo que os primeiros casos surgiram, a instituição chegou a montar força-tarefa com ambulatórios para tratamento emergencial. Ainda em maio de 2018, o hospital focou em cuidados somente com gestantes e casos de alta complexidade.
Foram confirmados 79 casos de toxoplasmose aguda gestacional, segundo o Husm, e 53 casos foram considerados inconclusivos. Das gestações com diagnóstico confirmado, foram registrados seis abortos e um óbito fetal, conforme o Universitário. Entre recém-nascidos, 18 bebês tiveram toxoplasmose congênita e, um deles "evoluiu com óbito após quatro meses de internação em decorrência das complicações da infecção", informou o hospital em nota. Esse caso aconteceu em janeiro deste ano.
Na semana passada, em resposta às solicitações da reportagem, o Universitário encaminhou balanço com base no atendimento prestado durante um ano após a identificação do surto de toxoplasmose. Conforme a nota, desde então, o ambulatório de pré-natal de Alto Risco do Husm atendeu "todas as gestantes oriundas do município de Santa Maria e da 4ª CRS encaminhadas com diagnóstico e/ou suspeita de TAG (Toxoplasmose Aguda Gestacional)".
O encaminhamento, conforme o hospital, foi a partir das unidades básicas de saúde, após exame sorológico de triagem. Depois desta fase, foram realizados no Husm procedimentos complementares para confirmação ou descarte do caso. De Santa Maria, foram atendidas 152 gestantes em um ano, conforme a instituição. Algumas delas permanecem em acompanhamento e outras já tiveram alta do ambulatório, após nascimento do bebê. Ainda conforme o hospital "não houve nenhum óbito de gestante ou diagnóstico de doença grave que necessitasse de internação hospitalar pela infecção aguda".
Do total de grávidas atendidas, 20 tiveram diagnóstico de toxoplasmose descartado, 79 (52%) confirmados e 53 casos foram considerados inconclusivos. Segundo o hospital, nas gestações em que não se pôde confirmar ou descartar a doença, "a maioria pela realização tardia dos exames sorológicos ou pelas limitações do mesmo", ocorreram três abortos. Os demais recém-nascidos permanecem em investigação e serão acompanhados por um ano após o nascimento (período ainda não encerrado), de acordo com o Universitário.
O balanço acrescenta também que "outras 52 gestantes da 4ª CRS também estiveram ou estão em acompanhamento ambulatorial no pré-natal de alto risco do Husm. A maioria não teve contato direto com Santa Maria (ingestão de água ou hortaliças), sendo a ocorrência, provavelmente, relacionada à prevalência endêmica da TA (Toxoplasmose Aguda) nesses locais".