O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) realizou, até o fim da manhã desta terça-feira (22), um mutirão de oftalmologia para crianças com toxoplasmose congênita. Um equipamento diferenciado para realização de exames que traz a possibilidade de detectar problemas que os exames simples não alcançam foi oferecido. O aparelho RetCam foi levado para a instituição por meio de parceria com o Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa em Oftalmologia (IPEPO) e a empresa Advance Vision, também de São Paulo. Os exames foram ofertados desde segunda-feira (21) gratuitamente na instituição. Na rede privada, chegam a custar R$ 1 mil. A oferta no Husm se deu para um grupo específico de pacientes.
De acordo com Aline Reetz Conceição, médica oftalmologista do Universitário, para realizar o mutirão, o Husm selecionou as 18 crianças com idades entre um mês a um ano e meio que são acompanhadas na instituição, tiveram toxoplasmose congênita e apresentam lesão ocular:
— Ao longo de todo o surto, nós, do Hospital Universitário, atendemos aproximadamente 200 recém-nascidos. Desses, de 18 a 20 foram diagnosticados com toxoplasmose congênita com lesão ocular. Temos mais casos de toxoplasmose congênita, mas que não tiveram lesão ocular.
A oftalmologista explica que o aparelho trazido para o mutirão possibilita uma visão ampliada da retina. Ela acrescenta que, durante a realização dos exames, foi possível diagnosticar problemas oculares que os exames simples não haviam mostrado:
— O grande diferencial deste equipamento é que ele apresenta uma angular até três vezes maior para fazer as imagens. Em exames simples, temos uma angular de 30 graus e neste - do Retcam - chegamos a 130 graus. A importância deste exame é que ele dá uma maior visibilidade da retina em crianças. Em algumas, detectamos outros problemas oculares que com o aparelho simples não tínhamos conseguido identificar.
Por meio do resultado dos exames, os profissionais do setor de oftalmologia tem uma noção mais precisa dos danos oculares e assim darão continuidade ao acompanhamento e tratamento necessário para as crianças.
O surto
Em abril de 2018, um surto de toxoplasmose foi confirmado em Santa Maria. Em novembro do mesmo ano, a Secretaria Estadual de Saúde de Saúde (SES) deu como encerrado o surto no município.
O último levantamento divulgado pela prefeitura, com dados contabilizados até novembro do ano passado, apresentava o número de 902 pessoas diagnosticadas com a doença. Contudo, a cidade ainda registra novos casos considerados endêmicos, mas também não há um levantamento oficial.
Mesmo que a principal suspeita de contaminação seja a água, até hoje, também não foi comprovado nem divulgado o que causou o surto da doença em Santa Maria.