No fim de semana passado, Porto Alegre sediou o 74º Congresso Brasileiro de Cardiologia, reconhecido como o maior evento do tema do país e da América Latina. Em três dias de encontro, médicos de todo o Brasil e do Exterior abordaram temas como inovações para diagnósticos e tratamentos e também apresentaram novos estudos e abordagens na área.
Além dos assuntos tradicionais, também foram trazidas novas discussões, como a relação importante entre obesidade e problemas cardíacos. GaúchaZH conversou com Conrado Roberto Hoffmann Filho, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, de Joinville, e apresentador de uma palestra sobre o tema.
Segundo o especialista, ao contrário do que se acreditava, ter sobrepeso ou ser obeso é um fator de risco para problemas do coração, mesmo sem nenhuma outra doença associada. Para se ter uma ideia, nesse grupo, há aumento de risco relativo 49% maior para doença coronariana, 7% maior para acidente vascular cerebral (AVC) e 96% para insuficiência cardíaca.
— Não existe mais a ideia do "sou obeso, mas sou saudável". Mesmo em pessoas metabolicamente saudáveis, sem diabetes, colesterol alto ou hipertensão, os riscos são maiores. Estudos recentes mostram que só fato de ser obeso aumenta a probabilidade de insuficiência cardíaca, infarto e outras doenças — diz.
Esse mecanismo, explica o médico, ocorre porque, entre outras coisas, estar acima do peso aumenta a pressão arterial, apneia e marcadores de inflamação.
— Quem tem apneia tem mais risco de ter arritmia e isso vira uma bola de neve. Sem dúvida, controle de peso e alimentação saudável são boas medidas de prevenção de doenças cardiovasculares.
Durante o congresso, os médicos lançaram uma atualização da Diretriz de Prevenção da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Conforme o documento, as taxas de mortes por doenças cardiovasculares por faixa etária estão diminuindo no Brasil, contudo, o número total de óbitos tem aumentado devido ao envelhecimento e adoecimento da população. Só este ano, estima a SBC, as doenças do coração serão as causas de 400 mil mortes. No novo texto, há estratégias atualizadas para abordar os fatores de risco clássicos que provocam as doenças do coração.