Prestem atenção todos os norte-americanos: muitas pessoas correm o risco de sucumbir antes do tempo ao maior fator de morte do país, as doenças cardiovasculares. Tradução: ataques cardíacos e derrames.
Depois de uma queda de décadas, a taxa de mortalidade cardiovascular praticamente parou e, assustadoramente, começou a se inverter em um grupo mais jovem de pessoas – adultos com idades entre 35 e 64 anos, entre os quais as mortes por doenças cardíacas estão aumentando.
Consequentemente, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças iniciou um esforço nacional ambicioso – Milhões de Corações 2022 – para conseguir novamente as quedas constantes nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares, estimuladas em grande parte pelo declínio do tabagismo e pela melhor detecção e tratamento da pressão arterial elevada e do colesterol.
Com sua cooperação e o apoio da classe médica, companhias de seguro, agências governamentais e comunidades em todo o país, a agência espera evitar um milhão de ataques cardíacos e derrames até 2022.
Alcançar esse objetivo não requer novos medicamentos, cirurgias ou descobertas. Não é uma ciência complicada. Já existe um caminho bem estabelecido para combater as doenças cardiovasculares. Ele requer apenas a vontade dos indivíduos e da sociedade para segui-lo.
Embora esse esforço possa envolver inicialmente alguns dólares adicionais para controlar os fatores de risco cardiovascular em um número maior de pessoas, no final, a economia pode ser astronômica.
Segundo os especialistas do centro no ano passado, se as tendências de 2016 permanecerem constantes até 2021, estima-se que ocorram 16,3 milhões de eventos potencialmente fatais ou fatais, ou 3,3 milhões por ano, incluindo 2,2 milhões de visitas ao setor de emergências, 2,2 milhões mortes e 11,8 milhões de hospitalizações, a um custo estimado de US$170 bilhões. Um terço desses eventos evitáveis pode afligir pessoas de 35 a 64 anos, calculam os especialistas Janet S. Wright, Hilary K. Wall e Matthew D. Ritchey.
— Grande parte do platô que vemos hoje deriva das epidemias de obesidade e diabetes que chegaram para cobrar a conta — diz Ritchey, cientista da divisão de doenças cardíacas e prevenção de acidentes vasculares cerebrais.
— Isso é especialmente verdade entre adultos de 35 a 64 anos, para quem as doenças cardíacas e a mortalidade por derrame estão aumentando. É bastante preocupante. Muitos são pessoas com filhos pequenos e pais idosos para cuidar.
Os especialistas não estão pedindo grandes revoluções.
—Pequenas mudanças sustentadas ao longo do tempo podem ter um grande impacto sobre os indivíduos e sobre o país — afirma Ritchey.
Ele e seus colegas citaram 213 milhões de oportunidades para diminuir o risco cardiovascular entre os norte-americanos, abordando comportamentos que atualmente estão impedindo a melhora nos números:
– 71 milhões de pessoas são fisicamente inativas, ou seja, não fazem exercícios nas horas de lazer.
– 54 milhões de pessoas ainda fumam produtos de tabaco combustíveis.
– 40 milhões de adultos sofrem de pressão arterial alta não controlada.
– 39 milhões possuem colesterol alto e não estão usando medicação para abaixá-lo.
– Nove milhões de pessoas que poderiam ser beneficiadas com uma aspirina infantil diária não estão tomando o medicamento.
Em outras palavras, "milhões de americanos têm fatores de risco cardíaco e vascular que aumentam a possibilidade de terem um evento cardiovascular, apesar da existência de estratégias comprovadas para prevenir ou gerenciar" esses riscos, segundo Wall e os outros autores.
A ainda incontrolável epidemia de obesidade é provavelmente a principal causa de doenças cardiovasculares e mortes evitáveis. Excesso de peso pode resultar em hipertensão arterial, altos níveis de colesterol, diabetes tipo dois e uma relutância em ser fisicamente ativo, fatores que contribuem para elevar o risco cardiovascular.
Então, se você não quiser fazer mais nada, tente um esforço concentrado para eliminar os quilos em excesso e se manter mais magro. Perder apenas 10% do peso corporal pode ter um grande impacto na sua saúde.
Se o seu nível de colesterol estiver muito alto e mudanças alimentares como comer menos carne vermelha e mais frutos do mar, frutas e verduras, além de escolher gorduras saudáveis para o coração, não forem suficientes, converse com seu médico sobre medicamentos para diminuir o colesterol, como as estatinas. Se o profissional indicar o remédio, tome-o indefinidamente. Atualmente, em três meses, dois em cada cinco pacientes param de usar o medicamento e, em um período de seis meses, apenas um pouco mais da metade ainda o toma.
Apesar de décadas de esforços em todo o país para fazer com que a pressão arterial alta seja devidamente diagnosticada e tratada, Ritchey disse que este fator de contribuição comum para doenças cardiovasculares muitas vezes escapa à vigilância médica.
— Os pacientes vêm para uma consulta médica regular, mas sua pressão arterial elevada acaba não sendo formalmente diagnosticada e, portanto, não é tratada. É um fator de risco evitável que se esconde à vista de todos — diz ele.
Um dos passos mais simples que as pessoas podem dar para prevenir e tratar a hipertensão é reduzir a ingestão de sódio. O sal é a principal fonte alimentar de sódio, que pode elevar a pressão sanguínea a níveis perigosos em milhões de pessoas.
Na pesquisa nacional mais recente sobre dietas americanas, a média diária de ingestão de sódio para adultos jovens foi de 3.809 miligramas por dia. No entanto, o valor considerado adequado para uma pessoa saudável é apenas 2.500 miligramas diárias e, para aqueles que já têm pressão alta, o recomendado é um máximo de 1.500 miligramas por dia.
Evite alimentos que são sempre ricos em sal, como peixes defumados, carnes processadas, azeitonas curadas e salgadinhos. Aprenda a ler os rótulos dos alimentos embalados – eles devem listar os níveis de sódio por porção – e peça para que evitem colocar sal em restaurantes ou quando pedir comida.
Mais pode ser feito por meio de restrições ambientais e nos locais de trabalho para reduzir ainda mais o tabagismo. Os médicos muitas vezes relutam em perguntar aos pacientes sobre o fumo, e os pacientes podem não admitir que fumam ou o quanto fumam, então, as medidas para estimular que as pessoas parem nunca são excessivas.
Incentivar a atividade física pode fornecer uma infinidade de benefícios à saúde, ajudando as pessoas a controlar o peso, a pressão arterial, o colesterol e até mesmo o hábito de fumar. O êxodo para áreas urbanas do último meio século aumentou a dependência dos veículos motorizados e causou um declínio proporcional na quantidade de exercício diário.
É improvável que os americanos comecem a caminhar quilômetros para ir às compras, mas muito mais gente poderia aderir ao propósito de colocar mais atividades em suas vidas diárias. Apenas 10 minutos de exercícios três vezes ao dia são capazes de melhorar a saúde cardiovascular. As comunidades devem criar áreas seguras para caminhar e andar de bicicleta e realizar eventos para incentivar tais atividades.
Finalmente, se existe uma indicação para tomar uma aspirina infantil diária (pessoas saudáveis com mais de 75 anos não são consideradas candidatas), aceite. Essa medicação de venda livre e muito barata, que também pode reduzir o risco de câncer de cólon e reto, é recomendada para adultos de 50 a 59 anos com 10% ou mais de chance de sofrer de doença cardiovascular em dez anos, uma expectativa de vida de pelo menos dez anos e sem risco aumentado de sangramento, bem como para aqueles que já tiveram um ataque cardíaco ou um derrame.
Por Jane E. Brody