Mulheres no período após a menopausa que acumulam mais gordura nas pernas do que na barriga – o chamado corpo de pera – têm menos risco de desenvolver problemas cardíacos e vasculares na comparação com aquelas com corpo "maçã", mesmo que estas tenham um índice de massa corporal (IMC) saudável. Essa foi a conclusão de um estudo publicado no European Heart Journal nesta segunda-feira (1).
Conforme a European Society of Cardiology (ESC), esse foi o primeiro levantamento a analisar o local onde a gordura se acumula e sua associação com o risco de desenvolver doenças cardiovasculares em mulheres pós-menopausa com IMC normal. Ele envolveu 2.683 mulheres do Women’s Health Initiative (projeto de saúde feminina dos Estados Unidos), que acompanhou essas voluntárias dos anos 1990 até 2017. Nenhuma das mulheres tinha problema cardíaco quando aderiu ao estudo, contudo, numa média de aproximadamente 18 anos de acompanhamento, 291 casos desses problemas foram registrados.
Liderados por Qibin Qi, professor associado do Albert Einstein College of Medicine, de Nova York, os pesquisadores descobriram que aquelas que armazenavam gordura no tronco tinham quase o dobro de risco de desenvolver problemas cardíacos ou sofrer um derrame na comparação com aquelas com menos gordura na região. Aquelas com maior gordura nas pernas tiveram 40% menos risco de doenças cardiovasculares em comparação com as que têm menos gordura nas pernas.
— Nossos achados sugerem que mulheres na pós-menopausa, apesar de terem um peso normal, podem ter variações nos riscos de doenças cardiovasculares em função da distribuição de gordura no tronco e nas pernas. Além do controle de peso corporal, as pessoas precisam estar atentas às áreas de acúmulo de gordura, mesmo que elas tenham um peso e IMC saudáveis — disse Qi, ao site da ESC.
Segundo a ESC, quando entram na menopausa, as mulheres sofrem mudanças na forma física e no metabolismo: mais gordura pode ser acumulada ao redor dos órgãos do que sob a pele. Fora isso, a distribuição de gordura é determinada por fatores genéticos e ambientais, como dieta e exercício.
Já é sabido que acumular gordura em torno dos órgãos no abdômen aumenta o risco de problemas metabólicos, como pior controle dos níveis de açúcar no sangue, alto índice de insulina, inflamação e colesterol alto, tudo que pode levar à problemas cardiovasculares.
Apesar de tudo, o professor pondera que os resultados consideraram mulheres no período pós-menopausa e com uma massa gorda relativamente alta no tronco e nas pernas. Portanto, não é possível afirmar que eles se apliquem às mulheres mais jovens e homens que tenham gordura localizada menor.