Nesta terça-feira (9), a secretária Estadual de Saúde, Arita Bergmann, esteve no Hospital Regional de Santa Maria, em Santa Maria, e anunciou a abertura, a partir da segunda quinzena de agosto, de um segundo ambulatório na instituição. O local vai atender pacientes com problemas cardiológicos.
A novidade, porém, não coloca o hospital em funcionamento integral. Mesmo um ano depois da inauguração do prédio, que tem 20 mil m² de área construída e custou R$ 70 milhões, a abertura de leitos segue sendo uma promessa. Atualmente, a instituição funciona com apenas um ambulatório, especializado no atendimento de pessoas com doenças crônicas, como diabéticos e hipertensos.
Durante a manhã — após participar de uma reunião do Comitê Regional de Saúde — a secretária adiantou à reportagem de GaúchaZH os detalhamentos sobre a nova unidade. A projeção é de que o ambulatório de cardiologia ofereça 320 consultas por mês e até quatro exames em cada uma delas. Segundo Arita, a Região Central tem 1,8 mil pacientes que precisam desse tipo atendimento aguardando na fila.
Questionada se abertura do ambulatório nesta formatação não aumentaria a fila de espera de outras instituições, já que o Regional presta somente esse primeiro atendimento e, em caso de necessidade de tratamento, encaminha os pacientes para outras instituições, a secretária negou:
—Muito pelo contrário. Hoje, as pessoas procuram o serviço de urgência e emergência, que é a porta aberta, e acabam ocupando espaço daqueles que realmente tem necessidade de uma intervenção numa emergência. É uma forma de organização de acesso. Ou seja, irão para os serviços de maior complexidade aqueles que têm diagnóstico para este fim.
Em uma coletiva de imprensa, durante a tarde, a secretária ainda acrescentou que é importante, neste momento, prestar atendimento na Atenção Básica de Saúde:
—É importante um hospital? É. tem carência de leitos? Sim. Mas mais importante do que um hospital é focar na Atenção Básica de Saúde.
Verba
O segundo ambulatório funcionará junto ao primeiro, que já está aberto. Conforme a secretária, será feito um aditivo de serviço ao contrato já firmado com o Estado.
Ainda no ano passado, o Estado acenou com um repasse de R$ 17,3 milhões para viabilizar, em até um ano, o começo das atividades. Deste valor, cerca de R$ 11 milhões foram repassados ao Instituto de Cardiologia, que faz a gestão da unidade. Arita reforça que, para o funcionamento do novo serviço, não haverá acréscimo de valor ao contrato e também não será necessária a contratação de mais profissionais:
—Vamos potencializar a mesma equipe. É possível dimensionar a carga horária dos profissionais para atender também esses usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Para colocar o novo ambulatório em funcionamento faremos um aditivo para constar essa especialidade, mas não terá aditivo financeiro.
Após a visita ao Regional, a secretária também foi até o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Uma reunião entre Estado e secretários municipais da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, em Santiago, nesta quarta-feira (10), deve definir a regulação, o fluxo e também como será a marcação dos atendimentos no novo ambulatório do Hospital Regional.
Abertura de leitos
Sobre a abertura dos 130 leitos — que foi projetada pela secretária ainda em março para ocorrer até o final do ano —, não há novas perspectivas de datas. Ela reforçou que, após a sinalização do Ministério da Saúde de liberação de R$ 50 milhões para a instituição, o Estado fez o cadastro dos equipamentos:
— Existe o recurso. O ministro (Luiz Henrique Mandetta) se comprometeu com a liberação dos R$ 50 milhões. Fizemos, então, o cadastro dos equipamentos necessários. O Ministério da Saúde pediu algumas informações complementares. E, tão logo, o ministro edite a portaria e libere o recurso, faremos o processo de licitação e de compra dos equipamentos.
O custo estimado de manutenção do complexo é de R$ 8 milhões mensais. A SES tem dito que aguarda o repasse de R$ 5 milhões da União.
Cronograma inicial
Após a inauguração do primeiro ambulatório, que ocorreu em julho do ano passado, o segundo deveria ter sido aberto em até 90 dias e contaria com os serviços médico e fisioterápicos para quem precisa de reabilitação para tratamento de sequelas. Por fim, o terceiro ambulatório, que deveria estar em funcionamento no prazo de até um ano, foi projetado para ser referência em cuidados prolongados. Ou seja, para viabilizar a recuperação clínica e funcional de pacientes afetados por sequelas ou traumas.
Idealizado ainda em 2003, o Hospital Regional contabiliza 15 anos de história. De lá para cá, diferentes projeções e prazos foram dados e não foram, em sua maioria, cumpridos.