Inaugurado há um ano, o Hospital Regional de Santa Maria segue não cumprindo na totalidade com o propósito da sua criação: ser um apoio eficiente do Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes das regiões central e fronteira oeste. Desde a concepção em 2003 à entrega, em 2018, o Estado assegurou que o hospital seria um reforço à saúde pública. Mesmo assim, desde a inauguração, em 6 de julho do ano passado, há apenas um ambulatório em funcionamento. O local atende pacientes com doenças crônicas, como diabéticos e hipertensos.
A construção do hospital teve custo de R$ 70 milhões. Dentro do cronograma inicial, após a abertura dessa unidade, o segundo ambulatório deveria ter iniciado as atividades em até 90 dias, o que não ocorreu. Além disso, após um ano da inauguração, nenhum dos cerca de 270 leitos projetados foi ofertado até agora. Pelo contrário, há apenas uma intenção de abrir 130 leitos até o fim do ano.
Na última entrevista concedida à reportagem de GaúchaZH, em março deste ano, a secretária de Saúde do Estado, Arita Bergmann, afirmou que a gestão de Eduardo Leite (PSDB) trabalharia para viabilizar, até o fim do ano, a abertura de 130 leitos. Atualmente, não há nenhum. À época, ela também adiantou que os gestores - prefeitos e secretários de saúde do centro do Estado - pediram que o Hospital Regional viabilizasse para o quanto antes atendimentos nas áreas da cardiologia, neurologia e traumatologia. Há mais de uma semana, a reportagem tenta uma nova entrevista com a secretária, mas não tem retorno.
Em resposta às solicitações da reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (SES) enviou uma nota na qual traz praticamente as mesmas informações já repassadas em março. Não há sinalização de datas - a nota diz somente que a abertura de 130 leitos nestas especialidades está "acertada". A SES acrescenta que o Estado apresentou projeto ao Ministério da Saúde, que "já destinou R$ 50 milhões para a compra de equipamentos (a proposta de compra dos equipamentos está em análise técnica no Fundo Nacional de Saúde)". Contudo, a pasta afirma que "para o custeio do hospital, o Ministério da Saúde já acenou com a destinação de R$ 5 milhões/mês após a habilitação do hospital", mas não traz detalhamento efetivo de como e quando isso se daria.
Uma visita da secretária à Santa Maria, na semana que vem, é confirmada pela assessoria de imprensa, mas o motivo não é detalhado. De acordo com o Instituto de Cardiologia - que faz a gestão do hospital -, desde a abertura até o fim de junho deste ano, o hospital atendeu 4.265 pacientes e realizou 35.104 consultas em 12 especialidades.
Cronograma inicial
Após o primeiro ambulatório, o segundo deveria ter sido aberto em até 90 dias e contaria com os serviços médico e fisioterápicos para quem precisa de reabilitação para tratamento de sequelas. Por fim, o terceiro ambulatório, que deveria estar em funcionamento no prazo de até um ano, foi projetado para ser referência em cuidados prolongados. Ou seja, para viabilizar a recuperação clínica e funcional de pacientes afetados por sequelas ou traumas.
No ano passado, o Estado fez o repasse de R$ 17,3 milhões para viabilizar, em até um ano, o começo das atividades.