Os gaúchos enfrentam uma mudança brusca de tempo. Depois de uma segunda-feira (24) com tempo quente — os termômetros chegaram a registrar 27,8ºC em Porto Alegre —, a terça-feira (25) está diferente, com previsão de chuvas volumosas na metade oeste do Estado e na fronteira com o Uruguai. Segundo a Somar Meteorologia, à noite, o vento muda de direção e a temperatura começa a cair. O Inmet alerta para risco potencial de tempestade para todo o Estado. Na quarta-feira (26), a previsão é de frio intenso e risco de temporais.
Meteorologista do Grupo RBS, Cléo Kuhn destaca que o inverno será marcado pela oscilação entre períodos de frio e calor, condição que é, segundo especialistas, vilã para a saúde.
Depois desta virada no tempo, o fim de semana deve ser quente e chuvoso. No sábado (29), as máximas em Porto Alegre devem chegar aos 29°C. Em Bagé, ficam na casa dos 24°C. Esse período será seguido de uma nova onda de frio, que chega ao Estado na segunda-feira (1°) e faz com que as temperaturas despenquem novamente.
A situação faz com que muitas pessoas enfrentem complicações de saúde, principalmente as que possuem doenças respiratórias crônicas — como asma e bronquite —, as crianças com até um ano de idade e os idosos. Pessoas destes grupos são mais propensas a desenvolver problemas respiratórios ocasionados pelas mudanças climáticas.
Uma das recomendações do pneumologista da Santa Casa de Misericórdia Luiz Carlos Corrêa para evitar os problemas causados pelas oscilações do clima é utilizar roupas adequadas para cada temperatura. Beber bastante água para se manter hidratado também é importante:
— Ingerir pouca quantidade do líquido proporciona uma mucosa seca e sensível, o que possibilita crises em quem já tem problema respiratório crônico — alerta Corrêa.
Riscos para as crianças
As crianças pequenas, principalmente as que nasceram prematuras e as que já têm algum problema respiratório, como asma ou bronquite, são as que mais correm riscos com as alterações de temperatura, explica Gilberto Bueno Fischer, chefe da Pneumologia Pediátrica do Hospital Santo Antônio.
Segundo ele, não existem grandes alterações quando se vai do frio para o calor, e sim na situação contrária, que proporciona um ambiente propício para a multiplicação de vírus. Outra dica importante é que se evite levar crianças que estejam apresentando leves sinais de gripe ou problemas respiratórios às emergências de hospitais, já que isso pode tornar mais grave sua situação, uma vez que nestes locais podem estar crianças com infecções respiratórias graves, que podem transmitir vírus para as que estão com sintomas mais leves.
— O mais indicado é levá-las a um pediatra ou em postos de saúde — diz o especialista.
Como medidas que ajudam a evitar que as crianças fiquem doentes, não as deixe em ambientes fechados e não entre em contato com pessoas que apresentem sinais de gripe (como tosse ou coriza). Já crianças em idade escolar que apresentarem febre ou outros sintomas não devem ir à escola.
Riscos para os idosos
Assim como para as crianças, a instabilidade climática exige dos idosos uma atenção redobrada à saúde. O aumento da umidade na estação é um dos motivos que agrava os quadros respiratórios e alérgicos entre as pessoas mais velhas.
A mudança de um dia quente para um dia frio é a que mais os afeta, porque são expostos, de repente, a temperaturas mais baixas, o que proporciona uma contração dos vasos sanguíneos e há aumento da pressão. Além disso, a alteração repentina acentua quadros alérgicos.
— Condições como essa desencadeiam infecções respiratórias, que aumentam a mortalidade entre os pacientes idosos — afirma Berenice Maria Werle, geriatra da Santa Casa de Misericórdia.
Para evitar estes tipos de problemas, é necessário manter o corpo aquecido, utilizando agasalhos e cobertores, ter alimentação saudável — capaz de melhorar a resposta imunológica —, constituída por legumes, verduras e proteínas, assim como a ingestão de líquidos, preferencialmente água, que deixa a tosse mais efetiva, limpa a garganta e aumenta a função protetora.