Com a chegada do inverno, que teve início na última quarta-feira (21), algumas doenças requerem atenção especial. A mais comum delas é a infecção respiratória. Resfriados, rinite e bronquite costumam ser mais frequentes com as mudanças de temperatura e o tempo seco. Mas o estilo de vida mais sedentário e as alterações no organismo por conta da estação também aumentam os riscos de doenças do coração.
O otorrinolaringologista Thiago Bezerra explica que a menor umidade e o resfriamento do ar deixam a mucosa nasal mais suscetível a infecções. A tendência de um maior confinamento em lugares fechados também aumentam a circulação de germes.
– Daí vem aquela principal medida para evitar a difusão dessas infecções de vias aéreas superiores: lavar as mãos regularmente – destacou o médico, que é membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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Ele destaca ainda outra medida simples, como o não compartilhamento de utensílios domésticos – como copos, pratos e talheres – quando um integrante da família estiver gripado. Para os quadros de rinossinusite, é fundamental lavar o nariz com soro fisiológico ou solução salina, que ajuda a desobstruir as vias e a diminuir a possibilidade de infecção. Ele aponta ainda que crianças costumam ser mais suscetíveis às doenças respiratórias, mas é preciso estar atento ao uso indiscriminado de antibióticos.
– Se tiver dúvidas, busque uma avaliação médica – alertou.
Coração
Os cuidados com o coração também são necessários nessa época de frio mais intenso em algumas partes do país. De acordo com o cardiologista Américo Tângari Júnior, a alimentação pesada, a maior probabilidade de abandono dos exercícios físicos e até mesmo uma gripe, favorecem as doenças do coração.
– As mortes por enfarte do miocárdio aumentam 30% durante o inverno, segundo estudos feitos em todo o mundo há pelo menos 50 anos – disse.
Em relação às infecções respiratórias, ele aponta que o risco de ataque cardíaco aumenta 17 vezes após doenças como pneumonia, gripe ou bronquite, segundo pesquisa da Universidade de Sydney, publicada no Internal Medicine Journal. Tângari Júnior destaca que, segundo o estudo, uma das hipóteses "para que a exposição a infartos seja maior após o registro de infecções respiratórias é a ocorrência de alterações no fluxo sanguíneo".
Segundo o cardiologista, o frio também pode ser responsável pela contração dos vasos sanguíneos, de acordo com estudos realizados em hospitais paulistas. Isso ocorre porque os receptores nervosos da pele estimulam a liberação dos hormônios adrenalina e noradrenalina, que tem como consequência o estreitamento dos canais de circulação do sangue.
– Embora não tão significativo, pode gerar rupturas de placas de gordura no interior das artérias coronárias, que irrigam o coração – alerta.
No inverno, alimentos mais calóricos são consumidos como uma "necessidade para manter o corpo aquecido". O médico destaca que o problema, no entanto, é que essa prática vem associada a um menor ritmo de exercícios físicos.
– A pessoa deve manter no inverno a frequência, o volume e a intensidade da atividade física costumeira – indica.
Além dos cuidados de prevenção e avaliação médica, especialmente de quem tem histórico familiar ou tem hipertensão, é importante manter uma alimentação saudável, evitando excesso de gordura e sal.