Uma cirurgia delicada e de curto tempo para recuperação. Já pensou em mover fios de cabelo para o rosto e adquirir uma barba comum, um cavanhaque, uma costeleta ou um bigode? O transplante de barba, ainda pouco conhecido, passa por um boom: entre 2014 e 2016, aumentou em 101% no mundo, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (SHRS, na sigla em inglês). No Brasil, profissionais da área também notam aumento de procura – levantamento realizado no mesmo período pelo Instituto de Medicina do Cabelo mostra incremento de 40% no procedimento.
Os cabelos que se transformarão em barba vêm da nuca, na região entre as orelhas. Na primeira consulta, o médico avalia se há tendência para calvície, uma vez que o cabelo não crescerá novamente na zona doadora.
— Homens que ficaram com a barba falhada por conta de uma cicatriz podem ter cabelos implantados no local. O mesmo pode acontecer com pessoas que nasceram com lábio leporino. Trabalhamos para aqueles que desejam fazer alguma reparação por conta de queimaduras e corrigir outras falhas capazes de serem concertadas — diz o presidente da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC), Carlos Eduardo Leão.
A parte mais importante antes da operação é a escolha da barba, por meio de projeções em desenhos. Conforme Leão, há quem deseje a barba comum, com necessidade de fazer ao longo dos dias, a barba já desenhada, pronta para ser raspada, ou a barba prontinha, sem necessidade de cuidado.
— Apresentamos vários desenhos a todos. Cada barba é muito individual, porém, a maioria dos homens seguem um padrão muito semelhante — revela.
O procedimento ocorre com o paciente sedado e não necessita de anestesia geral. Por se tratar de uma cirurgia de bastante técnica, dura de seis a oito horas. O transplantado volta para casa no mesmo dia, com a recomendação de evitar exercícios físicos por 10 dias, e de evitar sol e atividades que causem ferimentos no rosto por até um mês.
No Brasil, o transplante de barba custa entre R$ 18 e 25 mil, sem cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) ou de planos de saúde. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar, há uma tentativa de cobertura do procedimento em casos de reparação ao paciente, como de pacientes com lábio leporino ou cicatriz por queimadura.
O farmacêutico e bioquímico Lucas Pereira Magalhães, 33, descobriu a possibilidade de ganhar a barba que nunca teve após pesquisas na internet. Natural de Belo Horizonte (MG), ele viu na cirurgia a possibilidade de ter um cavanhaque. O transplante, feito há dois anos, teve oito horas de duração. Lucas voltou para casa no mesmo dia.
— Desde criança, eu desejava ter pelos para aparar ou para fazer um cavanhaque, mas não tinha — revela. — Nunca imaginei que ficasse tão perfeito. Tenho uma auto-confiança maior.