Uma boa noite de sono é fundamental para a saúde e desenvolvimento, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes. Por conta disso, a “higiene do sono”, que inclui dormir em ambientes silenciosos e com temperaturas agradáveis e ler antes de ir para a cama, atividades que ajudam as crianças a ficarem menos agitadas e relaxarem, é cada vez mais popular entre pais que presam pela qualidade do sono dos filhos. As informações são de O Globo.
Para completar, duas pesquisas publicadas nesta segunda-feira (3) indicam que, além de ser fundamental para o desenvolvimento ao proporcionar diversos benefícios, noites bem dormidas ainda ajudam no desempenho acadêmico das crianças.
De acordo com os estudos, crianças que não dormem o bastante têm mais chances de ter problemas escolares e se desenvolverem de forma mais lenta do que aqueles colegas que dormem em quantidades adequadas para a idade.
— Uma boa higiene do sono dá às crianças uma maior chance de obter um sono adequado e saudável todos os dias, e o sono saudável é crítico para promover o crescimento e desenvolvimento da criança — destaca Wendy Hall, especialista em sono e professora Universidade da Colúmbia Britânica, Canadá, que liderou uma revisão de estudos sobre assunto publicada nesta segunda-feira (3) no periódico científico Paediatric Respiratory Reviews.
A Academia Americana de Medicina do Sono recomenda, atualmente, os seguintes períodos de sono diário, dependendo da faixa etária: para crianças de quatro a 12 meses de idade, o ideal é dormir de 12 a 16 horas, para as que têm idades entre um e dois anos, de 11 a 14 horas de sono, de três a cinco anos, de 10 a 13 horas, de seis a 12 anos, de nove a 12 horas, e, para os mais velhos, com idades entre 13 a 18 anos de idade, recomenda-se de oito a 10 horas de sono.
Na revisão, foram analisados sistematicamente 44 estudos de 16 países sobre as práticas e resultados da higiene do sono para diferentes culturas. Dados de cerca de 300 mil crianças de América do Norte, Europa e Ásia foram avaliados, com foco em quatro grupos etários: crianças de quatro meses a dois anos, crianças de três a cinco anos, crianças de seis a 12 anos, e, por fim, adolescentes de 13 a 18 anos.
Apesar de ser fundamental para as crianças mais novas, uma boa noite de sono, com horários para ir dormir devidamente definidos, também é importante para os mais velhos. De acordo com a revisão, foi possível observar que adolescentes cujos pais impõem regras rigorosas para o sono dormem melhor do que as crianças que têm o sono desregrado.
Outros dados interessantes também foram observados durante a revisão. Em uma pesquisa realizada na Nova Zelândia, foi possível observar que rituais em família também ajudam a dar mais qualidade ao sono, como jantares em família, por exemplo.
Mesmo que ainda precisem ser realizados mais estudos na área para provar algumas das teorias, Wendy recomenda que os pais determinem os horários para os quais os filhos devem ir dormir, assim como o estabelecimento de alguns rituais, como a leitura de um livro, um jantar em família e até mesmo, além de limitar o tempo em que as crianças ficam em frente às telas.
Aparelhos eletrônicos afetam negativamente a qualidade do sono
Wendy e sua coautora, Elizabeth Nethery, que faz doutorado na Universidade da Colúmbia Britânica, também encontrou extensas evidências de que, ao limitar o uso da tecnologia algumas horas antes de dormir, é possível ter um sono de maior qualidade. Estudos de Japão, Nova Zelândia e Estados Unidos revelaram que quanto mais expostas as crianças ficam aos meios eletrônicos durante a noite, menos elas dormiam.
— Um grande problema com crianças em idade escolar é que elas podem demorar muito a dormir, então evitar atividades como jogar videogames ou assistir a filmes de ação antes de ir para a cama é importante — diz Wendy.
Noites bem dormidas melhoram o desempenho acadêmico
De acordo com uma das pesquisas, publicada no periódico científico Teaching of Psychology nesta segunda-feira (3), a educação para o sono ajuda no desempenho acadêmico. Os cientistas responsáveis pela pesquisa observaram que os estudantes universitários que foram incentivados a ganhar um ponto extra caso cumprissem a meta de dormir pelo menos oito horas por dia durante a semana de avaliações finais tiveram melhor desempenho do que aqueles que não quiseram participar do desafio.
Segundo os pesquisadores, dormir de maneira inadequada é uma atitude comum entre os alunos durante a semana de provas, em que eles enfrentam mais estresse, cortam o tempo de descanso, ingerem mais cafeína e se expõem a luzes fortes, atitudes que pioram a qualidade do sono. Com isso, apenas 10% dos universitários conseguiram cumprir a meta de dormir oito horas por dia.