Na manhã de quarta-feira (12), mães e responsáveis por crianças com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) se reuniram na frente do Palácio Piratini, na Praça Marechal Deodoro, no Centro de Porto Alegre. O grupo protestava devido à falta da fórmula Neocate LCP, que não está sendo entregue nas farmácias do Estado. O produto é utilizado na alimentação das crianças com APLV e, em farmácias particulares, custa de R$ 170 a R$ 240.
A mobilização foi organizada em redes sociais, principalmente pelo grupo APLV Porto Alegre e Região Metropolitana, no Facebook. Maria Margarete Rezende, 57 anos, administradora do grupo e técnica em enfermagem, está com esperança, após a manhã de ontem:
— Batemos latas, tocamos cornetas, fizemos de tudo um pouco. Acho que vamos ter um bom resultado com isso.
Além de procurar a reportagem, as mães de crianças com APLV buscaram também a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que se reuniu com a primeira-dama Maria Helena Sartori, na terça-feira. A deputada federal eleita e vereadora de Porto Alegre Fernanda Melchionna (PSOL) também participou do encontro.
Além dos parlamentares, cinco mães estavam na reunião. De acordo com a assessoria de comunicação de Luciana, Maria Helena acionou o secretário de Saúde do Estado, Francisco Paz, e a coordenadora adjunta da Coordenação de Política da Assistência Farmacêutica, Simone Pacheco do Amaral, que afirmaram que a compra deve ser concluída nos próximos dias e o leite especial Neocate deve estar nas farmácias do Estado na próxima segunda-feira. Por e-mail, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou a informação. Na manhã desta quarta-feira, a SES informou a reportagem que o problema estará resolvido na próxima semana.
No Rio Grande do Sul, 740 pacientes estão cadastrados para receber a fórmula de aminoácidos livres (LCP), com um consumo mensal de 10,2 mil latas. No total, o Estado investe R$ 1,3 milhão na compra do leite destinado para crianças menores de um ano.
No grupo APLV Porto Alegre e Região Metropolitana, no Facebook, mães relatam o uso de fórmulas que já passaram do prazo de validade, como alternativa diante da falta da entrega nas farmácias do Estado.
A gastroenterologista pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre Cintia Steinhaus afirma que produtos vencidos não podem ser usados. Segundo ela, os elementos da fórmula podem causar reações:
— O leite deixa de ter seu aspecto normal. Não se sabe se as propriedades da fórmula irão cumprir o seu papel, então pode ser maléfico para o pequeno paciente.
Como exemplo, a médica cita iogurte, alimento comumente ingerido após a validade:
— As pessoas comem, mas morrendo de medo. Não pode. Vencido é vencido, não importa se foi ontem ou se já faz um ano, não interessa a data. Não tem como ter controle do que pode causar.
Alergias no Estado
- No Rio Grande do Sul, estão cadastrados cerca de 3,8 mil pacientes que recebem fórmulas para intolerância e alergias alimentares.
- Mensalmente, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) investe R$ 3,2 milhões para aquisição desses produtos.