Em meio à crise em hospitais gaúchos, que fez com que dezenas suspendessem atendimento por falta de repasses, o secretário estadual da Saúde, Francisco Paz, criticou as instituições que interromperam os serviços sem aviso prévio. Segundo ele, o Estado ainda deve levar “alguns dias” para reorganizar a rede de atendimento e as consultas eletivas.
— Não estamos dizendo que precisaríamos de 90 dias, mas pelo menos 30 ou 15 dias para que a gente pudesse atender aos interesses da população. A população prejudicada é não só a de referenciados, mas das próprias cidades onde estão estes hospitais. Isto significa que vamos ter problemas, porque poderíamos ter sido advertidos de que haveria suspensão de atendimentos. Mas isto não aconteceu — afirmou, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (23).
Segundo Paz, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) trabalha na reorganização da rede para que outros hospitais passem a fazer consultas e exames que deixaram de ser realizados – instituições de Porto Alegre devem absorver a maior parte da demanda da Região Metropolitana, já que hospitais de Canoas, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo estão com atendimento restrito. A expectativa é de que este trabalho leve mais “alguns dias”:
— O problema está posto e estamos atrás de soluções, soluções estas que dependem de outros municípios. Nós não podemos criar serviços “do nada”. A oferta tem que estar disponível, ou temos que organizá-la para que fique disponível. Precisamos de alguns dias para organizar o tratamento destes procedimentos eletivos — disse o secretário.
Os hospitais que deixarem de atender os serviços de referência poderão ter o contrato rompido, e o valor dos repasses, consequentemente, diminuído. O secretário pediu “paciência” da população e das instituições até que o atendimento seja normalizado no Estado:
— Temos que ter paciência, porque estamos buscando equacionar soluções específicas junto com os municípios que continuam atendendo. Não existem soluções rápidas nem mágicas. O sistema de saúde como um todo vem acumulando este tipo de dificuldade ao longo dos anos e está chegando à beira do colapso, mesmo se for desconsiderada a crise do Estado.
Nesta sexta-feira, o governo repassou R$ 20 milhões para a área da saúde, verba que foi encaminhada aos hospitais. Conforme o Piratini, a dívida restante é de R$ 180 milhões – até o fim da semana, a previsão é de que metade deste valor seja quitado, o que equivale a cerca de R$ 90 milhões.
O atraso em repasses do governo do Estado a hospitais do Rio Grande do Sul já afeta milhares de pacientes e faz com que instituições de pelo menos 22 cidades tenham suspendido serviços. Quem tinha procedimento eletivo marcado para esta semana ainda não sabe quando será chamado.
Na Região Metropolitana, Canoas, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo suspenderam consultas, exames e cirurgias que estavam agendadas para esta semana. Nas três primeiras cidades, deixaram de ser realizados, até quinta-feira (22), mais de 32 mil exames, 370 consultas e 376 cirurgias.
Ouça a entrevista com o secretário estadual da Saúde, Francisco Paz