A restrição no atendimento dos hospitais, provocada pela falta de repasses do governo do Estado, afeta pelo menos onze municípios. Na tarde desta quarta-feira (21), em São Leopoldo, a prefeitura anunciou que o Hospital Centenário atenderá apenas casos de urgência e emergência a partir desta quinta (22).
O estabelecimento é referência para 18 municípios, realizando cerca de 300 consultas e 180 cirurgias eletivas — que já estão canceladas — todos os meses.
De acordo com o prefeito Ary Vanazzi, de São Leopoldo, o Estado deve R$ 8 milhões para a saúde básica, R$ 2 milhões para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e R$ 1 milhão para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A UPA, localizada no bairro Scharlau, atende cerca de 10 mil pessoas por mês.
— Se a UPA não receber os recursos até dezembro, corre sério risco de fechar — afirma Vanazzi.
Encruzilhada do Sul
No Vale do Rio Pardo, a cidade de Encruzilhada do Sul cancelou os procedimentos eletivos no hospital Santa Bárbara, da Santa Casa, o único da cidade. Salários atrasados e falta de medicamentos básicos preocupam o administrador da instituição, Celso Teixeira.
— A folha de pagamento de outubro está atrasada, e não temos previsão de quitá-la. Além disso, já fomos notificados de que não receberemos mais oxigênio e outros remédios se não colocarmos as contas em dia — afirma Teixeira.
Uruguaiana
A limitação no atendimento também afeta a Santa Casa de Caridade do município de Uruguaiana. Há restrição na emergência, nas cirurgias eletivas e nas consultas. Alguns exames estão sendo cancelados, de acordo com a agenda de cada especialidade. A instituição é referência em partos e cesarianas, com 160 destes tipos de cirurgias por mês, em média. A Santa Casa também faz 1,7 mil consultas ambulatoriais e sete mil exames de imagem e laboratório a cada mês.
— Em alguns dias tem (atendimento) em algumas áreas. Em outros, não fazemos internações na área clínica, na área amarela da emergência, além de consultas e exames _ afirma o administrador do hospital, Luis Fernando da Rocha Siqueira.
O diretor também reclama da falta de dinheiro para manter o estoque do hospital.
— Pela distância de Uruguaiana, temos dificuldades de logística. Não temos condições financeira de manter estoque, o que causa uma grande oscilação, devido à ausência de repasses. Em todos os dias alguma coisa falta — lamenta Siqueira.
Ao menos outros sete municípios atendem apenas urgências e emergências: Osório, Canoas, Sapucaia do Sul, Camaquã, Cruz Alta, Taquara, Lagoa Vermelha e Montenegro.
Lagoa Vermelha
Todas as cirurgias eletivas foram suspensas essa semana no Hospital São Paulo. A instituição é referência para para 40 mil habitantes, atendendo também Capão Bonito do Sul, Caseiros e Ibiraiaras. Apenas os atendimentos de urgência e emergência estão mantidos.
A secretaria de saúde da cidade alega que tem quase R$ 800 mil em recursos a receber do Estado. Cerca de 150 atendimentos são realizados, por dia, na emergência do hospital, em 73 leitos.
Osório
Em Osório, no Litoral Norte, o Hospital São Vicente de Paulo também atende somente urgência e emergência, além do setor de obstetrícia. Cirurgias e exames foram cancelados por tempo indeterminado.
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o Estado deve R$ 1 milhão para o hospital e outros R$ 3 milhões para a prefeitura na área da saúde.
O que diz o governo do RS
O governo do Estado informa que nos próximos dias deverá ter a data de pagamento dos recursos em aberto.
O Piratini citou ainda que "tem feito um grande esforço para regularizar as dívidas herdadas com as instituições hospitalares, prefeituras e fornecedores".
O governador José Ivo Sartori afirma que foi feito todo o possível para atender bem aos municípios e hospitais. Alega ainda que para pagar a folha do funcionalismo, atrasou também com fornecedores.