Quase metade das mulheres e um em cada três homens correm o risco de ter um derrame ou desenvolver doenças neurológicas degenerativas — como a demência e o Mal de Parkinson — durante a vida, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (1º).
Pesquisadores holandeses consideraram as três condições "para entender quão grande é o problema das doenças cerebrais incuráveis no final da vida", disse o autor sênior do estudo, Arfan Ikram.
— Nós agrupamos essas doenças não só porque são comuns, mas também porque há indícios de que elas frequentemente ocorrem simultaneamente e podem compartilhar algumas causas sobrepostas — disse Ikram, do Erasmus MC University Medical Center Rotterdam, na Holanda.
Isso poderia significar que há também formas sobrepostas de atrasar ou evitar essas doenças, e a pesquisa descobriu que algumas estratégias preventivas podem reduzir o risco entre 20% e 50%.
Para o estudo, publicado no Journal of Neurology Neurosurgery and Psychiatry, os pesquisadores acompanharam mais de 12 mil pessoas saudáveis com mais de 45 anos de 1990 a 2016. Ao longo dos 26 anos, 5.291 pessoas morreram. Quase 1,5 mil foram diagnosticadas com demência — 80% com Alzheimer —, enquanto 1.285 tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) e 263 desenvolveram Parkinson.
Os resultados indicam que a probabilidade de mulheres com idade igual ou superior a 45 anos desenvolverem essas doenças é de 48%, e a dos homens, de 36%. A divisão de gênero se deve principalmente ao fato de que os homens morrem mais cedo do que as mulheres, explicou Ikram:
— Nosso estudo não mostra qualquer tipo de efeito protetor para os homens. Em vez disso, é apenas devido ao fato de que há menos homens sobrevivendo à velhice.
Como as mulheres vivem mais, elas têm um risco maior de desenvolver essas doenças, e o estudo descobriu que as elas tinham duas vezes mais chances de desenvolver demência e derrame do que os homens.
Embora não haja cura para essas doenças, um estilo de vida saudável — uma boa dieta, não fumar ou não ter diabetes — pode proteger contra o derrame e ajudar a prevenir o aparecimento de demência, disse Ikram. Há também indicações de que um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de Parkinson, acrescentou.
Acredita-se que o custo das três doenças neurológicas seja de mais de 2% da produtividade econômica anual (PIB) do mundo, afirmaram os pesquisadores em um comunicado. Eles observaram que, como o estudo incluía apenas pessoas de ascendência europeia com uma expectativa de vida relativamente longa, "pode não ser aplicável a outras etnias/populações".
Em todo o mundo, cerca de 7% das pessoas com mais de 65 anos sofrem de Alzheimer ou alguma forma de demência, uma percentagem que sobe para 40% acima dos 85 anos. O número de pessoas atingidas deve triplicar até 2050, para 152 milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que representa um enorme desafio para os sistemas de saúde.