Você come várias porções de frutas e vegetais por dia. Fica de olho nos rótulos e sempre dá preferência para alimentos de qualidade nutricional. Agora, o quão atento você está para o local que abriga tudo isso?
Parte fundamental da culinária saudável está dentro da própria cozinha, onde as boas práticas de higiene devem prevalecer sempre. Lavar as mãos, trocar a esponja com frequência e evitar utensílios de madeira são algumas das regras básicas para evitar a proliferação de bactérias e, eventualmente, uma contaminação.
Esses microrganismos que habitam a cozinha podem causar uma série de problemas de saúde e até mesmo a morte, especialmente de crianças. Estimativas da Hygiene Council, organização que tem como objetivo reduzir o impacto das doenças infecciosas mais comuns no mundo por meio da higiene, uma criança morre por minuto no mundo em decorrência de diarreia – somando mais óbitos do que aids, malária e sarampo juntos.
— Para se ter uma ideia, cerca de 3 milhões de crianças morrem por causa da diarreia anualmente no mundo. Dessas mortes, 70% são por causa da manipulação inadequada dos alimentos — destaca o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.
Confira alguns cuidados para evitar a contaminação na cozinha de casa.
Madeira, a casa das bactérias
Tábuas e talheres de madeira reúnem as condições ideias para os microrganismos. Como o material absorve os odores dos alimentos e a água da lavagem, a tendência é acumular bactérias e, ao longo do tempo, apodrecer.
— Pode-se usar placas de vidro ou polipropileno como tábuas, e pinças e utensílios de silicone para mexer a comida. Eles são bons e higienizáveis — sugere a nutricionista Luciana Meneghetti, consultora em segurança de alimentos.
Outra opção para cortar os alimentos são as tábuas de bambu. Mais fibroso, o material é menos absorvente do que a madeira.
— Mas o bambu ainda não é aceito pela Vigilância Sanitária – pondera a nutricionista.
De acordo com o biomédico Roberto Figueiredo, o ideal é ter pelo menos duas tábuas: uma para manipular carnes cruas e outra para frutas, verduras e hortaliças.
Ainda que mais seguros, os utensílios de silicone e polipropileno merecem atenção especial na hora da limpeza. Depois da lavagem com água e detergente, recomenda-se deixá-los de molho por 15 minutos em uma solução de água com água sanitária – 100 ml do produto para cada 10 litros de água. Depois, enxague em água corrente.
Esponjas e panos sempre limpos
Estudos feitos mundo afora já alertaram: a esponja da cozinha tem mais bactérias do que o vaso sanitário.
— Ao fazer a limpeza, os resíduos vão para a esponja. Ela tem umidade e matéria orgânica, duas condições ideais para multiplicação das bactérias — lembra a nutricionista Luciana Meneghetti.
Por isso, além da troca semanal, é fundamental limpar esse item todos os dias com uma solução de água sanitária (100 ml do produto para cada 10 litros de água). Esponjas com ions de prata não necessitam da higienização diária. Contudo, elas também devem ser trocadas a cada semana, enfatiza o biomédico Roberto Figueiredo.
Panos de pia, de prato e para as mãos também merecem uma atenção especial. Geralmente, os de pia são descartáveis, portanto, não devem ser reutilizados – a menos que tenham agentes contra as bactérias.
— Um pano aberto para secar em cima da pia tem um milhão de bactérias a mais do que o tampo de uma privada pública — compara Figueiredo.
Panos de prato, como o próprio nome já diz, só devem ser usados para enxugar as louças, enquanto toalhas específicas devem ser utilizadas exclusivamente para as mãos. Na hora de lavar esses itens, o recomendado, segundo Figueiredo, é desinfetá-los com água sanitária ou uma solução de bicarbonato de sódio e vinagre 6%, para depois realizar a lavagem com sabão em pó.
Comida é na geladeira
O biomédico Roberto Figueiredo reforça que é essencial refrigerar alimentos após a preparação. Para isso, há algumas regras:
— Não deixe a comida por mais de duas horas em temperatura ambiente e não a cubra nas primeiras duas horas dentro da geladeira, só depois desse tempo.
Uma boa dica para facilitar a vida é, assim que chegar da feira ou do mercado, lavar as folhas em água corrente, passá-las na solução com água sanitária, e, depois de secas, armazená-las em saquinhos no refrigerador.
Cuidado antes de abrir a lata
Antes de abrir enlatados, é importante lavar a embalagem para retirar a sujeira acumulada na estocagem do mercado. Após abertas, elas não devem ir para a geladeira, pois, com a mudança de temperatura, podem liberar substâncias cancerígenas.
— Também não se coloca latas em água quente — ensina Roberto Figueiredo.