Os três medicamentos considerados estratégicos para tratar a toxoplasmose nos pacientes incluídos nos grupos de risco — pirimetamina, sulfadiazina e espiramicina – estão com o estoque limitado em Santa Maria. De acordo com um levantamento feito pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS) em conjunto com a prefeitura, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), o número é suficiente para, no máximo, 30 dias.
O repasse desses medicamentos é de responsabilidade do governo federal. Após a exigência do MPF — por meio de uma recomendação de 26 de maio quanto ao envio de lotes —, a União emitiu, no início desta semana, uma posição sobre os medicamentos. Em comunicado, o Ministério da Saúde informou que somente poderia fornecer os remédios em julho e outubro. Diante disso, o MPF pediu o levantamento com relação ao estoque existente em Santa Maria.
O mapeamento foi entregue nesta quarta-feira (6) e aponta — além do número de remédios disponíveis em estoque — uma prévia de medicamentos que seriam necessários mensalmente para o tratamento dos pacientes diagnosticados com a doença. A previsão indica que seriam necessários, por mês, 3.420 comprimidos de espiramicina, 2.368 de pirimetamina e 8.680 de sulfadiazina pelos próximos meses. Até o momento, o estoque no município se limita a: 3.426 unidades de espiramicina, 1.290 de pirimetamina e 7.996 de sulfadiazina.
Agora, o MPF analisa os números apresentados, o que deve ser finalizado até esta sexta-feira (8). Na sequência, serão definidas as medidas a serem tomadas para garantir o fornecimento aos pacientes.
Estado minimiza baixa de estoque
Questionado por GaúchaZH sobre o atual baixo estoque de medicamentos para tratar toxoplasmose em Santa Maria, o titular da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), Roberto Schorn, minimizou a limitação:
— Preocupar, preocupa. Mas o Estado está fazendo uma licitação para compra desses remédios e deve ser concluída em até 30 dias. Além disso, alguma coisa o Ministério da Saúde disse que vai conseguir, mas não posso falar por eles. São medicamentos, em regra, não muito caros e encontrados nas farmácias. As pessoas que tiverem condições podem adquirir também. Muitas (delas) já estão fazendo isso.
Divergência de números
Outro desdobramento com relação à toxoplasmose em Santa Maria é com relação ao reconhecimento no número de casos. Em entrevista à RBS TV Brasília, o coordenador de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Renato Alves, admitiu que há divergência nos casos, reconhecidos pela União, e aqueles que constam nos boletins do Estado.
A prefeitura de Santa Maria e a Secretaria Estadual da Saúde, conforme o último boletim divulgado na sexta-feira (1º), sustentam que são 485 casos de toxoplasmose no município. Já o governo federal trabalha com apenas 88 como os casos provocados pelo surto.
— A toxoplasmose é uma doença bastante complexa e para você diferenciar se uma infecção aconteceu recente ou ela é mais antiga é preciso um segundo exame, que está sendo feito no laboratório central, no Lacen, do Rio Grande do Sul. Sem esse segundo exame, a gente pode confundir um pouco os números e começar a incluir no surto infecções que são mais antigas. E o problema disso é que assim não conseguimos delimitar e investigar a possível fonte de infecção. Por isso, é preciso fechar muito bem o tempo de infecção, quando aconteceu, para poder delimitar muito bem aqueles que são os casos mais recentes — disse o coordenador em entrevista à RBS TV.
GaúchaZH solicitou ao Ministério da Saúde um posicionamento sobre o assunto, para verificar se essa divergência impacta no repasse de medicamentos ou na assistência prestada pela União. Mas, até o momento, a reportagem não obteve retorno.