A ecobarreira instalada no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, tem se mostrado uma importante aliada na preservação do meio ambiente. O equipamento recolheu 76.553 quilos de material flutuante nos 10 primeiros meses de 2024 (confira os dados mais abaixo).
Situada na esquina das avenidas Borges de Medeiros e Ipiranga, no bairro Praia de Belas, a ecobarreira foi instalada em 30 de março de 2016. Oito anos depois, seu funcionamento tem sido avaliado de forma positiva.
O Instituto Safeweb é o responsável pela instalação e manutenção do mecanismo, em parceria com a prefeitura da Capital.
O presidente da entidade, Luiz Carlos Zancanella Junior, estima que, em média, sejam recolhidos entre 100 e 200 quilos de materiais por dia no Arroio Dilúvio.
— Mais de 1,2 mil toneladas de resíduos deixaram de ir para o Guaíba (nos oito anos de operaçao da barreira). Isso é muito importante, ainda que seja um trabalho pequeno. Tem um viés educativo muito forte e visitas semanalmente de escolas — compartilha.
Considerada exitosa, a iniciativa tende a se replicar em outros cursos d'água de Porto Alegre e Região Metropolitana. Recentemente, o Arroio Passinhos, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, recebeu o equipamento.
— Foi uma solicitação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que fez o direcionamento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de R$ 80 mil. O MPRS passou o recurso para a gente, e construímos a ecobarreira que é operada pela prefeitura — detalha.
O presidente menciona que seria necessário implantar ecobarreiras em locais como os rios dos Sinos e Caí, dois significativos condutores de materiais flutuantes que deságuam no Guaíba.
— Seria importante que houvesse ecobarreiras em outros arroios para proteger o Guaíba — pondera.
Em Porto Alegre, há projeção de instalação de uma ecobarreira no Arroio Cavalhada, situado entre o BarraShoppingSul e o bairro privado Golden Lake. A empresa Multiplan, empresa responsável pelo centro comercial e pelo empreendimento residencial, já realizou estudos preliminares sobre o tema.
— O tema será abordado, oportunamente, ao longo da especificação do projeto. Pois necessita ainda de estudo locacional e operacional, a fim de garantir a maior eficiência das futuras estruturas — afirma o diretor de Desenvolvimento Imobiliário Região Sul na Multiplan, Bruno Vanuzzi.
Simples, mas efetivo
O secretário municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm, comenta que as ecobarreiras são um projeto simples, porém efetivo para retenção de itens flutuantes.
— Além de estar ali no dia a dia removendo toneladas e toneladas de resíduos que iriam para o Guaíba, a ecobarreira também é um exemplo de educação ambiental — avalia.
Bremm diz que o desafio é conseguir parceiros privados para a gestão do equipamento:
— No projeto que estamos estruturando de recuperação do Arroio Dilúvio, há o indicativo da ampliação das ecobarreiras. Gostaríamos de levar para outros arroios da cidade.
Como funciona o equipamento
A ecobarreira possui um sistema de boias que represa o lixo e o conduz para uma das margens, onde na sequência o que ficou contido é içado. O material recolhido fica sob responsabilidade do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).
Caminhões transportam os resíduos para aterro sanitário em Minas do Leão.
Problemas durante a enchente
Na inundação de maio, o motor integrante do mecanismo de recolhimento dos resíduos chegou a queimar e precisou ser desligado. Na ocasião, a água invadiu o contêiner do equipamento a uma altura de 30 centímetros. A ecobarreira foi consertada e já opera normalmente.
Durante a cheia, esse serviço de contenção impediu que chegassem ao Guaíba quase 3,5 toneladas de material flutuante.