Desde sua instalação, em 30 de março de 2016, a ecobarreira do Arroio Dilúvio (córrego que passa por 10 bairros de Porto Alegre só no trecho da Avenida Ipiranga), provou sua utilidade e, mais do que isso, uma triste realidade urbana: o tamanho do problema do descarte irregular de lixo na cidade.
Em oito anos de atuação, a estrutura criada e mantida pelo Instituto Safeweb em parceria com a prefeitura impediu que 1,2 mil toneladas de resíduos (como plásticos, madeira e até pedaços de móveis) chegassem às águas do Guaíba.
Todos os dias, as equipes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) recolhem a sujeira retida (são pelo menos 200 quilos de material a cada 24 horas) e encaminham a um aterro sanitário em Minas do Leão.
A estrutura funciona a partir de um sistema de bóias que represa o lixo e o conduz para uma das margens, onde há uma plataforma mecanizada que funciona como um guindaste. A ideia é boa. O desafio é ir além e atuar na origem do problema.
O futuro do Dilúvio
Em dezembro de 2023, o consórcio Regeneração Urbana Dilúvio, contratado pela prefeitura para tentar despoluir o arroio, apresentou um plano de trabalho. Desde então, o grupo está preparando diagnósticos que servirão de base para as propostas de intervenção no leito.
A qualidade da água, segundo a Secretaria do Meio Ambiente, já foi medida em 11 pontos pelas empresas. Os piores resultados, como já era de se esperar, vieram de locais próximos ao Guaíba. São medições que a prefeitura não tinha e que irão facilitar a tomada de decisão sobre as ações necessárias.
Tudo será discutido em consultas e audiências públicas e, por fim, haverá um relatório final e um projeto de lei. A última fase deve ocorrer até o início de 2025. O plano tende a incluir tratamento universalizado e coleta de resíduos.
Tomara que dê certo, mas repito: sem um imenso trabalho educativo e melhorias na coleta de lixo, as pessoas seguirão jogando resíduos onde não devem.