Considerada um exemplo de relação entre a iniciativa privada e a gestão pública, a Ecobarreira do Arroio Dilúvio já evitou que mais de 1,1 mil toneladas de lixo acessassem a água do Guaíba. O equipamento foi instalado no afluente em 2016 por meio de um convênio entre a empresa Safeweb e prefeitura de Porto Alegre, constituindo uma prática inovadora para a proteção do meio ambiente sem nenhum custo ao erário.
— Idealizei este sistema para deixar o pôr do sol do Guaíba ainda mais bonito — descreve o cientista da computação Luis Carlos Zancanella Júnior, sócio da Safeweb.
Diariamente são retirados do Arroio Dilúvio pela ecobarreira pelo menos 200 quilos de material. Garrafas pet, embalagens plásticas, pedaços de móveis e utensílios domésticos são alguns dos objetos retidos. Isso ocorre nos dias secos.
— Em dias de chuva, o volume aumenta muito. Em algumas ocasiões chegou a uma tonelada e meia. Já recolhemos capacetes, manequim e outras coisas que não deveriam estar em um arroio. É comum encontrarmos animais domésticos mortos. Costumo dizer que é um trabalho de formiguinha que contribui para a proteção da natureza — acrescenta Zancanella Júnior.
Para o secretário de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre, Germano Bremm, a ecobarreira representa modelo de responsabilidade social e relacionamento com a cidade.
— É uma solução muito inteligente. É tecnicamente simples e foi entregue sem nenhum custo para a cidade. A prefeitura apenas concede a autorização para a operação através de um convênio. Todo o serviço é mantido pelo parceiro do município — explica Bremm.
O secretário considera, ainda, que a contenção da matéria poluente traz como benefício adicional o embelezamento do principal cenário urbanístico de Porto Alegre.
— O Guaíba é o principal atrativo da cidade, nossa maior riqueza — define.
Como funciona a Ecobarreira
- Um conjunto de boias ancoradas na extensão transversal, cruza o arroio em ângulo diagonal. A forma do equipamento faz com que a correnteza conduza os resíduos para a margem norte do arroio.
- Retidos, os materiais são aglomerados manualmente, por operário com auxílio de um ancinho, sobre uma plataforma mecanizada.
- A plataforma funciona como um guindaste e suspende o lixo para uma posição na qual este operário consegue carregá-lo em sacos plásticos, iguais aos utilizados para acondicionar o resíduo doméstico.
- Os sacos são deixados na beira da Avenida Ipiranga, onde aguardam o caminhão da coleta de lixo domiciliar do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Assim, o material que iria poluir o Guaíba acaba sendo depositado no local correto: o aterro sanitário, no município de Minas do Leão.
Quanto custa
O investimento é de cerca de R$ 40 mil por mês para a manutenção das atividades, envolvendo insumos e pagamento de pessoal.
Para a implantação do projeto, o valor foi de R$ 250 mil. Conforme Luis Carlos Zancanella Júnior, o investimento traz um sentimento de colaboração para o cuidado do ambiente natural e se faz valioso pela preservação do Guaíba e embelezamento da Orla.